Pela qualidade da formação médica

Pela qualidade da formação médica

O silêncio em torno desses problemas tão básicos deveria preocupar a cada cidadão.

Carlos Sparta

publicidade

Todo o cidadão que acessa os serviços de saúde no Brasil conhece, com maior ou menor profundidade, os gargalos existentes no atendimento. Nos últimos dias, no entanto, uma suposta solução, comprovadamente ineficaz, foi colocada na opinião pública como alternativa: a abertura de mais vagas para estudantes de medicina. Com a agravante de que essas novas vagas estavam envoltas em insegurança jurídica — sustentadas por uma decisão provisória da Justiça, sem o aval dos responsáveis por essa avaliação (Ministério da Educação e Comissão Nacional de Saúde).

A discussão em torno das 480 vagas no curso de medicina da Rede Ulbra de Educação traz à tona uma preocupação que, para o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) e toda a categoria, é fundamental: a qualidade da formação médica. Antes de simplesmente formar em larga escala, precisamos nos questionar sobre os profissionais que podem sair dos cursos. Serão oferecidas a esses estudantes estruturas adequadas? E, quando formados, haverá vagas de residência suficientes para eles complementarem o que aprenderam na faculdade? No caso em discussão, nenhuma dessas perguntas foi respondida.

O silêncio em torno desses problemas tão básicos deveria preocupar a cada cidadão. Analisando o histórico que levou àquela autorização, percebemos um processo feito de trás para frente. Um novo curso de medicina requer, antes de sua abertura, um corpo docente definido e qualificado, além de uma estrutura física com diferentes laboratórios e um hospital onde o aluno poderá exercitar a prática. Essa é uma estrutura complexa e que, assim como todas outras questões, não se resolve no canetaço nem na boa vontade.

Essas são preocupações que concernem a toda a sociedade. Em um esforço conjunto, o Cremers, ao lado de entidades médicas e a Advocacia-Geral da União, conseguiu revogar a decisão judicial. Nós defendemos a boa medicina, estamos atentos e somos parceiros da formação dos estudantes.Entendemos que formar médicos sem uma estrutura adequada é colocar em risco a vida das pessoas. Lutar contra isso é um dever do conselho e uma bandeira que jamais vamos abandonar.

 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895