Planejamento familiar não pode ser privilégio dos ricos

Planejamento familiar não pode ser privilégio dos ricos

Por Dr. Thiago Duarte*

Correio do Povo

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O planejamento familiar é a escolha livre e consciente de homens e mulheres, de forma independente, sobre quando, como e quantos filhos terão. Deve estar à disposição da população toda a gama de métodos contraceptivos, incluindo os mais modernos, isto já acontece em alguns municípios do RS, como Viamão e Cachoeirinha, em uma parceria de recursos públicos e privados.

A Constituição do RS também se refere à matéria e deve-se garantir este direito através do acesso aos métodos de planejamento familiar, que não podem ser um privilégio das classes sociais altas. Faz-se necessária a mobilização do Estado e da sociedade possibilitando a toda a população acesso a informação e meios que lhe permitam desenvolver a prática de uma postura crítica, consciente e responsável em relação ao planejamento familiar.

A gravidez na adolescência acontece com maior frequência entre meninas com menor escolaridade, menos renda e pouco acesso a serviços públicos ou em vulnerabilidade social. A gravidez na adolescência é por definição de alto risco. Profissionais de saúde têm que estar dentro da escola. O adolescente não tem por hábito procurar serviços de saúde. No Brasil, a gravidez é a 3ª causa de morte na adolescência. Só perde para causas externas e congênitas. Isso mostra o risco para a saúde da gestação em idade precoce. Nem sempre as adolescentes se adaptam aos comprimidos. O implante subcutâneo é um método facilmente reversível, menos invasivo que o dispositivo intrauterino (DIU) e com menor impacto sobre o metabolismo do que os comprimidos ou as injeções.

Projetos que dão acesso gratuito a métodos facilmente reversíveis, do tipo implante subcutâneo, voltado para as mais jovens, em pouco tempo reduzem os índices de gestações na adolescência, de prematuridade e de mortalidade infantil. A única ocasião em que a mortalidade infantil diminuiu em Porto Alegre foi quando se desenvolveu o planejamento familiar com adolescentes, utilizando implantes subcutâneos. Precisamos replicar este modelo, que dá certo, em mais cidades do RS.

*: Médico gineco-obstetra e deputado estadual pelo DEM


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