Saber e humanidade caminham juntos

Saber e humanidade caminham juntos

Por: Maria Helena Itaqui Lopes*

Maria Helena Itaqui Lopes

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O mito de Fausto é uma das histórias mais conhecidas da literatura, consagrada pela obra de Goethe. Nela, encontramos o erudito que, sedento por todos os saberes, abdicou da própria humanidade pela servidão eterna ao demônio Mefistófeles. Uma parábola que serve para refletir sobre nossa própria natureza: muitas vezes, encerramo-nos em nossa angústia e dedicação pelo maior conhecimento em nossas áreas.

Claro que o aperfeiçoamento é importante e o conhecimento é pilar da formação pessoal e profissional. Porém, ele não se encerra em si mesmo. Nesta busca, jamais devemos esquecer a dimensão humana: a troca com os demais, a escuta, a compreensão. Elementos que nos tornam ainda melhores e, também, àqueles que nos rodeiam.

Premissas ainda mais relevantes quando falamos da atividade médica. Arrisco dizer que não há trabalho que mais exija o perfeito equilíbrio dessa balança. O conhecimento é fundamental e contínuo, mas deve sempre caminhar ao lado do afeto, da ética e das habilidades individuais. Afinal, antes de tudo, estamos tratando de pessoas e, depois, da doença.

E isso vale para todos os momentos em que exercemos a profissão, seja no contato próximo, seja com a mediação da tecnologia, como agora com a inovação trazida pela telemedicina. Do outro lado, está um paciente que busca uma orientação, uma cura, um olhar acolhedor. A assistência a ele, por maior que seja a excelência, não será efetiva sem empatia e cuidado.

São valores que devem ser desenvolvidos e fortalecidos diariamente e cabe às universidades e instituições também atuarem nesta sensibilização. Em tempos de tantas perdas vivenciadas na pandemia, da distância autoimposta pelos aparatos tecnológicos, o carinho e a compaixão fazem a diferença e também fazem bem para a saúde.

Médicos, professores e especialistas de qualquer área: persigamos, sim, o conhecimento. Mas não nos esqueçamos nunca da humanidade e dos valores essenciais. Essas características, aliadas às competências adquiridas pelo aprendizado, fazem de nós profissionais completos, éticos e acolhedores.

* Conselheira da Associação Hospitalar Moinhos de Vento e professora 
do curso de Medicina da Universidade de Caxias do Sul (UCS)


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