Seja eterno

Seja eterno

Por: Gilberto Jasper*

Gilberto Jasper

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Um dia todos nós "vamos partir desta para uma melhor". Mas será melhor mesmo? Quando será? O grande mistério da vida é a morte, culminância da contagem regressiva que se inicia no dia do nascimento. Tecnologia alguma conseguiu, até hoje, que alguém reporte detalhes de "como é do outro lado". A eternidade é um sonho perseguido desde os primórdios. O homem é um inconformado diante de sua inevitável finitude.

Dia destes assisti a um vídeo do filósofo, palestrante e professor Mário Sergio Cortella, que admiro muito. "Morrer é ser esquecido. A única maneira de não ser esquecido é ser 'importado' para dentro de outras pessoas", explicou. Nisso ele está coberto de razão. Ao longo da existência temos oportunidades diárias para deixar a nossa marca através de atos de solidariedade, generosidade e gentileza.

Infelizmente, esses atributos são pouco valorizados, reflexo do endurecimento emocional, da hipervalorização do material em detrimento de valores afetivos. Sem nos darmos conta, notamos com frequência que muita gente faz uma falta danada no nosso dia a dia. Outros, quando partirem, nos deixarão até felizes, embora não admitamos, porque eles semearam discórdia, rancor, egoísmo e deixaram rastros deprimentes por onde passaram.

"Enquanto alguém derramar uma lágrima ou esboçar um sorriso ao ouvir o nosso nome teremos, depois da partida, a certeza de que nossa trajetória terrena, nossa existência, valeu a pena", explica Cortella. Os filhos talvez sejam o principal exercício de protagonismo humano que a vida oferece.

Eles perpetuarão nossas qualidades reproduzindo comportamentos altruístas, solidários, cristãos e de entendimentos. A tarefa de educar tem sido um duro desafio para pais e professores. Desde a mais tenra idade, as crianças travam contato com uma avalanche de conteúdos potencializados pela tecnologia. A qualidade destas informações por vezes colide com a tentativa de ensinamento de princípios, valores e respeito à convivência fraterna.

Fama, importância, destaque: tudo isso, algum dia, vai passar. O que fica para sempre é o exemplo para inspirar, o comportamento para balizar e a convivência em que teoria e prática andam juntas. Educar é ser coerente, vivenciando o que ensinamos aos filhos. 

* Jornalista


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