Sobre humanos e heróis

Sobre humanos e heróis

Por Marcos Rovinski*

Marcos Rovinski

publicidade

A pandemia foi uma provação para cada um ao seu modo. Para nós, médicos, pela própria natureza da profissão, adquiriu uma intensidade ainda maior. Passamos por esses dois anos à custa de muita entrega, dedicação para salvar vidas, mas também grande sofrimento, pressão e adoecimento. Nunca fomos tão exigidos, ao estar na linha de frente o tempo inteiro.

Fomos chamados de heróis, porém, longe dos personagens do cinema, não temos poderes sobrenaturais. Somos humanos que tomaram o cuidado com a vida como sua missão, usando para isso seu conhecimento e afeto. E, por isso mesmo, não podemos esperar que os médicos atuem sempre com base no heroísmo. Pelo contrário.
Um dos grandes legados da pandemia foi evidenciar, de forma definitiva, que o investimento em saúde precisa ser uma prioridade constante dos gestores. Não apenas quando mergulhamos em uma crise, mas tendo como norte o olhar preventivo que antecipa necessidades e prepara os serviços para os momentos mais agudos. Infraestrutura de qualidade e condições adequadas de trabalho fazem a diferença entre a vida e a morte em qualquer situação.

No dia 20 de maio, o Simers completou 91 anos. Mais do que aplausos, os médicos querem sua plena e justa valorização. E esta é a bandeira maior que fez surgir o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). A defesa do ato médico, condições de trabalho, o respeito e o reconhecimento dos profissionais estão na base da nossa história e foram aprofundados nos dois últimos anos. Fizemos e seguimos mantendo um intenso trabalho para garantir tais prerrogativas, conscientizando a população e governos sobre esses imperativos.

Sob os jalecos, estão seres humanos como cada um de nós, comprometidos com a defesa da vida. Assegurar a prestação adequada dos serviços é o que dá aos gaúchos o acolhimento no dia a dia, o auxílio diante das urgências e a esperança frente às crises como a da Covid-19. Esse é o sentido de o Simers existir há mais de nove décadas. E assim seguiremos, liderando as lutas por uma saúde melhor para todos — e para que o exercício da medicina não seja apenas um ato de heroísmo.

Presidente do Simers*


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895