Solidariedade, bom senso e coerência

Solidariedade, bom senso e coerência

Por Simone Leite*

Correio do Povo

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Num estado historicamente beligerante, logo após as eleições de 2018, tivemos um novo momento. Partidos políticos deixaram a rivalidade eleitoral e começaram a compor soluções em nosso parlamento. A Federasul, tradicionalmente contrária à majoração de uma carga tributária abusiva, apoiou o pesado sacrifício até 31 de dezembro de 2020, ponderando a coerência entre o projeto legitimado nas urnas e o tempo necessário para a reformas. Durante o ano de 2019, a ampla maioria do parlamento, a classe produtiva e parte da opinião pública respaldaram as mudanças necessárias em sucessivos votos de confiança a um governo aparentemente humilde. Após aprovação de grandes reformas no ano anterior, com a chegada da pandemia em 2020, surge uma súbita mudança de postura: o governo se encastela em seus próprios grupos, nega a boa política e confunde apoio, com subserviência.

Ignora parlamentares, entidades de classe e o debate científico na tomada de decisões. O diálogo e o bom senso são substituídos pelo fechamento precoce de toda economia, por ações midiáticas sem coerência científica, pelo uso da ajuda federal no ajuste dos déficits, na contramão do discurso de que as vidas estavam em primeiro lugar.

Com empresas fechadas, pessoas proibidas de trabalhar e milhares de gaúchos com o sustento comprometido, ainda em setembro, o governo fez insistentes tentativas de sobrecarregar a sociedade com pesados impostos para tapar o rombo de critérios abusivos das bandeiras vermelhas.

Agora em dezembro, insiste em propostas unilaterais com a reedição de um pesado pacote de aumento de impostos respaldado num discurso de caos. Não se trata apenas de uma sequência de decisões solitárias e equivocadas no seu conteúdo e nas suas consequências. Trata-se da forma descomprometida como o governo age, da ausência de humildade para reconhecer qualquer erro, da escassez de coerência entre a prática e o discurso, de uma ausência de sensibilidade com a dor de quem mais sofreu. Trata-se também de reconhecer no parlamento gaúcho a expressão de tantas vozes imprescindíveis para nossa recuperação. Bom senso, neste momento, é um voto de confiança nos trabalhadores, empreendedores e servidores que tanto sofreram com decisões erradas e que agora depositam sua fé e esperança na solidariedade.

*Presidente da Federasul


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