Tecnologia, nova aliada da igualdade salarial

Tecnologia, nova aliada da igualdade salarial

Emancipação Salarial: Tecnologia como Catalisadora da Igualdade de Gênero no Mercado de Trabalho.

Maurício de Carvalho Góes e Andressa Munaro Alves

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Além da facilidade proporcionada pela tecnologia no desempenho das atividades, constrói-se o movimento de que o aprimoramento das Tecnologias da Informação e Comunicações (TICs) pode ser o início da desconstrução de preconceitos direcionados ao gênero feminino. Isso porque existem relatos afirmando que o trabalho remoto tem diminuído o antiquado senso comum de que as mulheres tendem a se afastar do trabalho pela maternidade, frente ao hoje viável labor a distância.

Outrossim, sabe-se que, muito embora existam leis, decretos e portarias incentivando linhas cogentes para proporcionar a dita simetria de tratamento entre homens e mulheres, em algumas situações, por exemplo, no embate sobre igualdade salarial, mesmo entre os que exercem a mesma profissão, o tema ainda carece de fiscalização para que, no campo da efetividade, ele seja, de fato, atingido e respeitado.

Aliás, preliminar ao movimento estatal de fiscalização (e punição), também deve-se refletir sobre medidas de conscientização e prevenção interna, abordagem horizontal e desprovida de preconceitos instituídos. Nesse espaço, então, foca-se na qualidade do trabalho (e do cargo), prevendo, com isso, procedimentos internos preocupados em evitar a indesejada condenação frente ao não exercício do óbvio: políticas corporativas de compliance.

O fato é que, no sentir destes autores, se um dia se tornar possível viver em uma sociedade em que o gênero não importe para o recebimento do salário, o sujeito trabalhador será julgado (e remunerado) pela sua trabalhabilidade. E, nesse lugar, pensando no trabalho como um fim em si mesmo e observando aquele que o realiza, todos os julgamentos cingir-se-ão à análise das skills e no desenvolvimento delas, assim como no contexto temporal sob o qual a labuta é aperfeiçoada.

Tornar livre o exame prévio sobre o gênero do produto conquistado pelo trabalho é valorar muito mais do que a pecúnia envolvida, é valorizar o ser humano que o realiza. Acaso a tecnologia seja o instrumento para isso, não se pode torná-la a vilã da história, com discurso de que flexibilidade no exercício do trabalho é sinônimo de precarização, especialmente porque, talvez, o tempo demonstre que foi a flexibilidade que serviu de alicerce para o aniquilamento dos não mais aceitáveis preconceitos.


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