Um legado que vem de longe, mas que hoje é de todos

Um legado que vem de longe, mas que hoje é de todos

Este ano é especial para o país e ainda mais significativo para os gaúchos.

Simone Schmidt

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Iniciamos 2024 em festa porque em 25 de julho completaremos 200 anos desde que aqui recebemos em 1824 os primeiros alemães, tendo São Leopoldo como ponto de chegada de um povo que deu novos contornos à paisagem do sul do Brasil, redesenhada pela arquitetura dos prédios que caracterizaram tantas cidades onde esses imigrantes se estabeleceram mais tarde para além da região do Vale do Sinos. Mais do que isso, a cultura alemã deixou uma herança econômica que o trabalho destes novos habitantes proporcionou na indústria e na agropecuária, entre outras atividades.

“Não é possível refletir e compreender o Brasil de hoje sem levar em consideração todos os processos coloniais e imigratórios”, assinala a professora de alemão Zuleica Kraemer, doutoranda e pesquisadora da Ufrgs na área de letras, que vem estudando o legado das tradições alemãs desde a graduação e o mestrado. Sim, o Brasil é um grande caldeirão cultural formado não só por alemães, mas por italianos, africanos, holandeses e japoneses, entre outros grupos. Entretanto, a herança alemã tem especial importância no Rio Grande do Sul em razão de características muito particulares. Faz frio por aqui, muito menos que na Alemanha, é verdade, mas, ainda assim, o ambiente proporciona que singelos costumes daquela avó germânica disciplinada e trabalhadora, mas muito carinhosa, se espalhem por famílias de qualquer descendência. Difícil um gaúcho ou gaúcha que nunca tenha reunido a família para tomar um café quentinho acompanhado de cuca com bastante geleia e nata, uma das deliciosas tradições da culinária típica.

O início foi difícil. Nas malas os alemães traziam esperança, fé, disposição e força de trabalho, mas encontraram obstáculos e enfrentaram muita espera até que cada família tivesse seu pedaço de chão. Lidavam com a saudade de casa e com as adversidades, mas, em meio à sisudez de quem se comprometia profundamente com o trabalho de sol a sol, reservavam um tempo para cultivar a alegria, expressa até hoje nas músicas das “bandinhas” que põem todo mundo para dançar, principalmente em comunidades no Interior. Celebrar tudo isso é preciso, tanto que já está estabelecida pelo governo do Estado a Comissão Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã, incumbida de apoiar e organizar ao longo do ano eventos ligados ao tema. Que venham as festas. Prost!


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