Um projeto de lei não irá nos censurar

Um projeto de lei não irá nos censurar

Qual a possibilidade de que o PL das Fake News vire o PL das verdades do governo?

Delegado Zucco

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A Internet não é um local incontrolável. Tudo que ali acontece responde às mesmas leis que precisamos seguir no dia a dia. A justiça, atualmente, já conta com processos baseados em fatos ocorridos na rede. Vivemos hoje aquilo que foi previsto pelo filósofo Marshall McLuhan (1911-1980), ainda na década de 60, a chamada Aldeia Global. Isso é o que permitiu darmos voz aos nossos pensamentos. E, assim, homens e mulheres de todos os cantos do mundo podem ser ouvidos.

Por muitas décadas, o eleitor brasileiro esteve atento à televisão e ao rádio, apenas recebendo as informações embaladas para a entrega e discutindo, eventualmente, quando estava na companhia de outras pessoas, como a família, amigos e colegas de trabalho. O processo era mais lento e não ecoava de forma uníssona a voz das ruas. Para ser ouvido, o povo brasileiro aprendeu que, somente unido, seria possível demonstrar sua insatisfação com aquilo que não estava lhe agradando. O preço por essa demora foi ficando cada vez mais caro.

Somente após décadas de insatisfação mostrada nas ruas, o povo ganhou um importante espaço para se unir. Das redes sociais, saiu o entendimento de que a vontade de muitos era diferente daquela que o país vinha vivendo. A eleição de Jair Bolsonaro é sim um marco histórico nessa mudança. Estamos vivendo a história. Ainda me impressiona que, diante de toda essa realidade, um governo pense que pode controlar a Aldeia Global. Imaginar a censura nas mãos de um ministério ou de um grupo de homens é algo aterrorizante. Qual a possibilidade de que o PL das Fake News vire o PL das verdades do governo?

Que possamos sair vitoriosos do Congresso Nacional. Que tenhamos certeza, tão logo vencido o texto na Câmara e no Senado, que o governo não volte a discutir um projeto de lei nesse modelo. Espero, francamente, que sejam cumpridas as leis já existentes e responsabilizados aqueles que não as cumprem. Assim, não será preciso inventar novas leis para antigos problemas.


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