Vinte anos de sobriedade

Este é um depoimento de quem há vinte anos não ingere bebida alcoólica. Não estou apenas abstêmio, mas absolutamente sóbrio. Aprendi sofrendo, lendo e buscando ajuda, que há quatro reações diferentes de pessoas relativamente ao consumo de álcool.

A primeira é das que o rejeitam e, se beberem, terão mal-estar. A segunda é dos que podem beber moderadamente com prazer, mas sem euforia. A terceira é formada pelos que têm uma insuficiência de endorfina – que é uma morfina interna – e que quando ingerem álcool têm dificuldade em parar, pois o organismo euforicamente pede mais. São os bêbados de festas, confraternizações e de fins de semana. A quarta reação é das pessoas do grupo anterior que passam a beber com muita frequência, instalando no organismo um hóspede indesejável que não morre nem vai embora. Somente se manifesta se for ativado. Com tal elemento está instalada a doença do alcoolismo. O alcoolista é portador de uma doença incurável. A dependência da bebida pode ser desativada, mas o hóspede não morre nem vai embora. Se alimentado, quer tirar o atrasado e a ingestão do álcool resulta em recaídas terríveis.

O dependente tem prazer bebendo, mas causa infelicidade para si – com a ressaca moral e a perda do respeito social –, para seus familiares, que vivem em sobressaltos, e para as pessoas de seu relacionamento. É fundamental trocar prazer individual e transitório por felicidade permanente, pessoal e coletiva.

Bebendo todas as noites durante muitos anos, instalei em meu organismo o hóspede indesejado que me causou uma doença permanente que não consigo tirar, mas posso desativar não ingerindo bebida alcoólica. Há vinte anos não sou apenas abstêmio. Vivo sóbrio. Não estimulo a volta à dependência. Uma recaída, por certo, seria terrível. Minha família há vinte anos, está vivendo feliz. Não alimento a doença, não bebo álcool.

Se alguma pessoa desejar conversar a respeito do assunto, meu e-mail é odacirklein@opendf.com.br, mas lembro que é muito importante procurar ajuda médica e terapêutica.

Deus seja louvado!