Vitrine embaçada sobre o agronegócio

Vitrine embaçada sobre o agronegócio

Por Joaquin Villegas*

Joaquin Villegas

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O agronegócio está na boca do povo. Basta ligar a tevê ou acessar as redes sociais para encontrar uma avalanche de gente falando sobre os dilemas da agropecuária, no impacto dos processos produtivos para o planeta ou no risco das emissões para o agravamento do efeito estufa. Um show de falas nem sempre lastreadas em conceitos científicos e compartilhadas irresponsavelmente por muitos. Nunca se falou tanto e nunca se disse tão pouco.

Sob a bandeira da sustentabilidade, muitos lideram campanhas por puro modismo. Acham, equivocadamente, que atacar o campo é pop, que agrega valor às marcas. Que engano. Vivemos a era da difamação e da desinformação. Uma disputa desigual entre milhares que esbravejam como marionetes e aqueles que ainda lutam pela informação e pela ciência.

O produtor profissional – aquele que se preocupa com o futuro de seu rebanho e trabalha diariamente para melhorá-lo – é o primeiro a querer combater a produção irresponsável, os que desrespeitam o meio ambiente e as boas práticas trabalhistas e sociais. Isso precisa, sim, ser exigido e fiscalizado no campo. Mas também na indústria, dos prestadores de serviços e de toda a sociedade que culpa o agronegócio, mas que anda confortavelmente em seus veículos, esbanja energia, água e sequer cuida do seu lixo. O campo tem consciência de que é preciso zelar pelo planeta porque é dele que depende sua continuidade e seu sustento. Mas a pergunta que fica é: será que é o campo o responsável pela situação em que nos encontramos?

O que não está claro ao consumidor é a quem interessa essa cegueira, essa vitrine embaçada que se criou ao redor do agronegócio? Será que o povo realmente acredita que o agricultor e o pecuarista são os responsáveis pelos danos ambientais no planeta?

Criminalizados em massa e sem provas, os produtores seguem dispostos a trabalhar, dia e noite, para garantir a sobrevivência de uma população que depende de proteína para viver. E as fontes mais saudáveis são exatamente aquelas com menor cadeia de processamento possível, critério que valoriza, e muito, a carne. Isso não se trata de uma briga com as produções vegetais. Muito pelo contrário. Trata-se da valorização do que vem direto do campo, seja animal, seja vegetal. Defendemos o direito de opção ao consumidor, mas, antes disso, o respeito ao produtor.

Esse verdadeiro show de repetições atinge, mas não esmorece, quem faz do campo seu lar, quem investe na melhor alimentação para o gado, garante água mesmo em tempos de seca e assegura sanidade aos rebanhos. Não abate quem pesquisa e seleciona animais para produzirem mais com menos. Uma labuta séria e diária, comprometida com quem defende e, também, com quem ataca. Porque é essa luta que garantirá a vida e o sustento dessa e das gerações que estão por vir. Mas que, infelizmente, ainda não rende cliques.

Presidente da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares*


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