Volta às aulas enfrenta pandemia e corte de investimentos

Volta às aulas enfrenta pandemia e corte de investimentos

Por Volnei Canônica*

Volnei Canônica

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As aulas presenciais estão chegando e a educação enfrenta dois grandes desafios: a) índice baixo de vacinação das crianças contra a Covid-19. Por exemplo, até o dia 31/01, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, somente 10% das crianças de Caxias do Sul, na faixa de 5 a 11 anos, foram vacinadas; b) cortes de R$ 740 milhões do orçamento de 2022 realizado pelo governo Bolsonaro. Após dois anos de pandemia, o processo de ensino e aprendizagem precisou ser reestruturado nas escolas e universidades. Reestruturação para a qual não estávamos preparados e, por isso, enfrentamos grandes dificuldades e também perdas para as crianças e jovens. Sabemos que a interação presencial nesta idade é fundamental para que os alunos entendam seu papel como sociedade e compartilhem seus saberes. Além disso, aquele olhar mais atento do professor sobre a aprendizagem, as dificuldades e os potenciais das crianças é mais qualificado quando está a poucos metros de distância.

Já os profissionais da educação precisaram se reciclar e buscar conhecimentos em áreas nas quais não atuavam. Tiveram uma jornada maior de trabalho, atendendo crianças e pais nas plataformas on-line. Os pais precisaram dedicar mais tempo e acompanhar de perto as aulas on-line dos filhos e puderam perceber a falta que a estrutura escolar faz na vida da família. Foi um esforço coletivo que garantiu que a área da educação não entrasse num colapso total. E o governo de Bolsonaro reconheceu esse esforço? Não!

Para corrermos atrás dos prejuízos causados pela pandemia, o governo federal deveria estar investindo um valor maior do que já investia, não acham? Todos sabem das dificuldades que existem na Educação Básica (no Ensino Superior também). Depois de tudo que passamos nos últimos dois anos com as crianças em casa, privadas do acesso à refeição escolar, em muitos casos sua principal refeição, privadas de acesso à Internet e espaço mínimo para realizar os seus estudos, um governo corta investimentos da área da educação e mantém orçamento de R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral. Ora, senhor presidente, o senhor precisa visitar escolas para entender a prioridade neste país.

*: Escritor e presidente do Instituto de Leitura Quindim


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