Um gaúcho "amigo da onça"

Um gaúcho "amigo da onça"

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Em 2012, começou a dar aulas na Unisul. De Tubarão, por meio de um computador, ele monitora a movimentação das onças em uma propriedade rural no pantanal do Mato Grosso do Sul, a mais de três mil quilômetros de distância. Não raras vezes, ele deixa suas atividades na universidade e passa dias e até semanas acampado, na expectativa de encontrar uma onça. May Junior revela que, em outubro, passará um período no pantanal mato-grossense e outro em Minas Gerais. A missão inclui a capturar de animais que ficarão aprisionados o tempo suficiente para a colocação de uma coleira equipada com GPS. "É esse equipamento que emite sinais que o professor e que vai indicando caminhos, hábitos e modos dos bichos", explica.


Ele precisa estar presente em todas as capturas de animais  dos projetos Panthera e Onçafari. “O Projeto Onçafari é um projeto-piloto que pretende servir de modelo para outros locais. E não só para onças-pintadas, mas para animais selvagens de um modo geral”, ressalta o professor. Inclusive, ele está em vias de concretizar um projeto em Tubarão, com fauna selvagem na região. Mesmo na região Sul há campo para projetos voltados a animais selvagens. Há um voltado aos pumas, por exemplo, na superpopulosa região do Parque Nacional da Serra do Itajaí, em Blumenau (SC). Ele ressalta que o Onçafari é realizado no Refúgio Ecológico Caiman, no pantanal sul-mato-grossense, localizado no município de Miranda, a  200 quilômetros de Campo Grande, sob a coordenação do conservacionista Mario Haberfeld, com apoio do Cenap-ICMBio.



Colar com GPS


Somente pelo Onçafari, May Junior já instalou GPS em quatro animais. Na captura, ele aplica a mesma técnica utilizada com leões e leopardos na África. "Camuflar no chão um sistema que faz com que a onça pise e seja capturada pela pata. Um aparelho dá o sinal de que ela caiu. Ao chegar ao local, o professor seda o animal e instala um colar de GPS, programado para cair cerca de 18 meses depois", assinala, acrescentando que essa é a prática que oferece menos impacto à onça.Outra novidade é que, em seus trabalhos de campo, começou a utilizar um protótipo desenvolvido com apoio do técnico em metalurgia do Senai, Gionvani João.


A ferramenta consiste em uma seringa acoplada em um bastão de alumínio, que permite a aplicação de drogas anestésicas a uma distância segura. O primeiro tranquilizante é sempre aplicado com o uso de armas anestésicas, mas as complementações são feitas com o bastão. "O objetivo desse trabalho não é de forma nenhuma domesticar o animal selvagem. É para conhecer os hábitos dos bichos e, a partir desse conhecimento, projetar áreas de conservação e outras que podem servir ao turismo. O ecoturismo pode ser uma solução viável de manter o Pantanal com suas características e permitir que a onça conviva de forma pacífica com os proprietários de fazendas e hotéis fazenda”, diz.


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