A alma do nosso campo

A alma do nosso campo

A Expointer está de novo com as porteiras abertas. Ela é o espelho da nossa terra, um pequeno quadro pintado por mãos calejadas

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Aquele cheirinho de amanhecer no campo, o leite fervido no fogão a lenha, o aroma do café forte, a sinfonia animada do passaredo, o cantar dos galos, o berro das ovelhas chamando as crias, o relincho dos cavalos nas estrebarias tem na Expointer? Tem isso e muito mais. Tem a graxa da costela pingando sobre as brasas, têm campeiros passeando vestindo bota e bombacha, chapéu de aba larga, lenço no pescoço e a guaiaca cheia de “plata”, tem o homem citadino olhando com saudade as coisas que deixou para trás quando criança e se embretou nesta mangueira de cimento e aço. E ainda aqueles que nunca botaram o pé na terra, mas que respeitam e sabem que este Estado depende da força e do trabalho dos que vivem longe das lanternas da cidade. Dos que trabalham de sol a sol, que trazem as mãos calejadas e sonham com um porvir melhor. 

Tem os roncos das máquinas agrícolas, dos tratores, das colheitadeiras, das plantadeiras, dos pulverizadores e todas as modernas tecnologias que transformaram as coxilhas e várzeas em imensas lavouras. São elas que após as searas enchem depósitos e silos, movimentam gigantescos navios e resultam em lucros para a maior parte dos municípios gaúchos produtores de grãos. Tem aves, tem gado leiteiro, ovelhas, suínos e os cavalos Crioulos mostram na pista a beleza e a rusticidade de um animal que ajudou a desenhar as fronteiras do pago, que foi fundamental com sua força e destreza vaqueira para as lidas de antanho. Morfologia e função na Prova do Freio de Ouro emocionam a plateia que se pilcha para manter viva a tradição do Rio Grande, de cavalos bem domados e ginetes hábeis que já nasceram enforquilhados no lombo do pingo e, como já dizia Mano Lima, “não apeiam nem para beber água”. 

Além da pujança da pecuária, com sangue, raça e procedência, da agricultura de tecnologia e inovação, a Expointer reúne no Pavilhão da Agricultura Familiar o trabalho do pequeno lavoureiro, homens e mulheres que tiram seu sustento de propriedades de poucos hectares, comprovando que não se precisa de grandes extensões para se produzir bem. A cada edição da feira é mostrado o avanço na produção de embutidos, doces e geleias das mais variadas frutas, pães, bolachas e biscoitos, vinhos, sucos, queijos especiais, licores, farinhas, grãos e legumes orgânicos, uma infinidade de produtos frescos e vistosos, um mais apetitoso que o outro. De dar água na boca. 

Sem falar nas feiras de artesanato típico, das rédeas de couro trançado e dos pelegos de lã cardada. Das reuniões para púbicos e nichosespecíficos, com destaque principalmente para as novas tecnologias que chegam para dar mais conforto e produtividade para o agro gaúcho. A Expointer é uma feira, mas também é uma festa que enche os olhos e acalma o coração dos que amam o campo. Nela estão o grande, o médio e o pequeno irmanados, cada um defendendo o seu quinhão, com todas as diferenças e semelhanças. “Porque é no estouro da tropa que se vê se índio é bueno”. A Expointer está de novo com as porteiras abertas. Aproveite! Porque ela é espelho da nossa terra, um pequeno quadro pintado por mãos pesadas e calejadas, mas que manejam o pincel como quem acaricia com carinho o rosto amado do filho.


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