A líder ameaçada

A líder ameaçada

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Poucas marcas automobilísticas no mundo sobreviveriam a uma sobrecarga de más e péssimos acontecimentos. Da perseguição implacável das autoridades responsáveis por tornar o ar menos poluído, aos recursos energéticos utilizados de forma mais racional. Mas desde que pressionada pelas Agências de Proteção ambiental dos Estados Unidos da América e Europa, a Volkswagen, de forma surpreendente, inexplicável, revelou ao mundo que seus técnicos haviam falsificado mais de 12 milhões de motores diesel. Então a situação da marca no primeiro mundo foi de bad to worse, ou de “mal a pior”, já que a língua inglesa é utilizada na arbitragem dos grandes temas globais.

Para a Volkswagen o escândalo do software poluidor, que nas bancas de testes posava de “ecologista”, mas que depois no uso normal induzia a que o motor a diesel poluísse 40 vezes mais, além da credibilidade, custou ao Grupo Volkswagen até agora mais de 30 bilhões de dólares. E poucas marcas resistiriam a tal perda financeira. Por muito menos a Mitsubishi, que se acostumou a enganar consumidores no Japão, foi a falência. Está agora nas mãos honestas da Renault, que reformulará todas as operações mundiais da Mitsubishi.

Na quarta feira desta semana, executivos do Grupo Volkswagen admitiram finalmente a culpa da companhia e concordaram em pagar 4,3 bilhões de dólares para proprietários de carros da marca com motores falsificados, nos Estados Unidos. Estima-se que Volkswagen terá que pagar outro tanto em multas principalmente na Alemanha. Na quarta à tarde o sempre confiante Matthias Muller, presidente mundial do grupo Volkswagen, da sede em Wolfsburg, comunicava que a Volkswagen produziu 10,3 milhões de veículos em 2016. Será neste número magnifico a nova líder global em produção e vendas do ano. Muller também revelou o lucro líquido de 10,3 bilhões de dólares. Isto representa a metade do que a Volkswagen terá que pagar em multas e penalidades variadas somente nos Estados Unidos. Depois falou mais alto o orgulho alemão. Segundo Muller, a Volks irá lançar mais de 60 novos modelos até o final de 2018. É muito para uma montadora assolada pela pior crise em sua longa trajetória. Mas o imobilizado “trilhardario” da marca, seus investimentos em petrodólares, em bancos pelo mundo, em atividades econômicas variadas, são investimentos que valem umas cem vezes o valor da multa aplicada.

Apesar do que imprensa alemã define como atitude estúpida e mafiosa de executivos já destituídos, com o ex todo poderoso presidente mundial Martin Winterknrn, o Grupo Volkswagen cresceu em vendas mais de 3% no primeiro mundo em 2016. E só teve queda de 35% no Brasil e queda de 8 % em vendas no mercado norte americano. A Volkswagen, apesar do erro enorme, é amparada na qualidade de produto, expressa em modelos consagrados mundialmente como o Golf e Passat. Mais os excelentes produtos das divisões Porsche, Audi, Skoda, Seat, Lamborghini, Audi e Man em caminhões. Mas a exigência dos consumidores no primeiro mundo não é de que a Volks seja a nova líder. Mas que reflita sobre sua própria identidade enquanto marca e saiba se mover em direção a um futuro sem mistificações. Enquanto isto a “caça às bruxas” prossegue.

Por Renato Rossi

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