A volta da vida

A volta da vida

Expointer registra o retorno do público em um evento íntegro e completo

Renato Rossi

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Cumprir o ritual. Com sol tênue, chegar à Expointer às 9h da terça-feira. Depois de completar um caminho longo por ter ignorado o aviso de que era necessário sair da BR 116, naquele desvio à direita, para acessar a feira. O frentista de um posto já distante do destino traçou o caminho de volta. Preciso. Estacionar na rua lateral do parque que tem múltiplos terrenos transformados em estacionamentos e que cobram muito. Por estar num humilde e valente Fiat Palio 96, alguém ofereceu um lugar na calçada, pela metade do preço.

O caminho era o mesmo dos últimos 20 anos ou mais. Nas margens surgiam os múltiplos negócios com ligação à cultura gaúcha. Os cavaleiros garbosos trotavam em animais de raça. E chamava atenção a presença não do silêncio constrangedor e abissal da Covid-19, mas de gente alegre, barulhenta, ao som da música gauchesca que ecoava. E tinha muita gente. Gradativamente, o espírito acreditou que não era miragem, mas a pandemia que perdera a guerra. 

A vontade de ver de novo uma Expointer, íntegra e completa, prevalecia. Afinal, namoramos ali, conduzimos filhos, parentes. Comemos nosso delicioso churrasco e admiramos os belos animais. Vimos o gaúcho simples que escovava com frequência o touro premiado.

Foram muitas entrevistas na busca pela informação. Os risos e abraços e raramente o dissabor nos dias gélidos em que o sol sumia e a chuva pesava. Dava-se um jeito, na capa plástica, no refúgio de um restaurante. Mas convém lembrar da Expointer vazia, frequentada somente pelo solitário espírito do homem campeiro, que chorava ao ver o vazio. O mugido emudecera. Era aquele mundo esvaziado de gente. Então, que todos aplaudam nessa Expointer a volta da vida. 

 


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