Brasil no túnel do tempo do automóvel
País vive contrastes entre chegada do futuro eletrificado e estrutura poluidora para o petróleo
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No teste do Mercedes-Benz EQA, dois mundos se encontraram: o poluente e malcheiroso e o mundo silencioso, harmônico e não poluidor. Um encontro prosaico e trivial. Na estrada vicinal próxima a Porto Alegre, uma processadora de petróleo trabalhava. O cheiro forte do óleo cru sendo queimado assolava o meio ambiente. Bastou estacionar próximo a petroleira pequena para que o "futurista" EQA batesse de frente com a realidade tóxica.
O Brasil tem falhado miseravelmente no controle da poluição. Basta lembrar da sequência de erros e negligências que derrubaram o Proalcool dos fartos canaviais. Nos anos 1980, o uso do etanol na frota prometia libertar o Brasil do petróleo e da poluição. O combustível limpo de origem vegetal era a salvação. Não era: o poder petroleiro prevaleceu e o álcool virou "51". Além, o legado poluidor dos milhões de carros que até hoje carregam o ineficiente motor "bicombustível". Também o alto consumo que resulta da falta de taxa de compressão equalizada aos dois combustíveis.
As grandes cidades do Brasil recebem a cada dia toneladas tóxicas emanadas da frota. Que utiliza em 80 por cento motores defasados na tecnologia. E são motores que não evoluíram no uso do álcool. Agora o tema na mídia é o carro elétrico. Que já reúne no Brasil uma frota heterogênea dos chinesinhos elétricos, precários e inseguros, a carros sofisticados na tecnologia que custam muito e estão distantes da massa. A solução é criar com urgência legislação que vise a eletromobilidade que será um negócio bilionário no mundo, pouco tempo à frente. O Brasil não pode entrar no túnel do tempo em direção ao passado a petróleo. Nem Golfinho entraria nesta "fria".