Brilho elétrico de Xangai

Brilho elétrico de Xangai

Visitantes do Salão do Automóvel viram vários modelos de carros elétricos produzidos na China

Renato Rossi

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O Salão do Automóvel de Xangai mostra uma infinidade de carros elétricos “Made in China”. Mas o salão expõe também a crescente tensão entre o Ocidente e Oriente, já que os múltiplos e sensíveis movimentos na geopolítica vão muito além do automóvel. A China deslumbra o mundo em Xangai. São veículos elétricos que em nada lembram as lojas de 1,99, que eram o “xodó” dos brasileiros nas décadas de 1990 2000. Os donos das lojas ficaram milionários vendendo produtos que duravam dois dias. Era comum que os “Rolex” chineses perdessem os dois ponteiros na primeira sacudida do braço. 

Também virou chavão os carros a combustão chineses desvalorizarem na velocidade do raio. A baixa qualidade capitalizou a China para passos maiores. Hoje é o pais que forma milhões de engenheiros, cientistas e designers que trabalharão na Indústria automobilística. 

Nos salões do automóvel na virada do milênio, lá estavam os analistas chineses, laptop nas mãos, fazendo questionários propostos por montadoras com jornalistas ocidentais. As respostas com certeza serviram para analisar o gosto do outro lado do mundo. Mas se a geração dos carros a combustão da China foi rejeitada no primeiro mundo. Isto é passado. O presente está em Xangai, nas marcas que já derrotaram os preconceitos e protecionismo do Ocidente e vendem cada vez mais em mercados hegemônicos. O elétrico chinês quer o planeta. Nem mais nem menos. Em 2023, serão exportados mais de 800 mil unidades para a Europa. 

O Yuan da Byd, vendido no Brasil, foi o primeiro veículo chinês em 30 anos a ser aprovado nos testes de impacto do EuroNcap. As cinco estrelas foram comemoradas na China. Há agora o poder e qualidade da Nio, Byd, Great Wall, Geely, Zeekr, XPeng, Polestar e tantas outras que brilham com seus belos elétricos em Xangai. Qualidade tecnológica que resulta da fanática dedicação dos chineses em evoluir seus produtos. 

A contribuição da qualificada mão de obra ocidental, paga a peso de ouro, não pode ser subestimada, contudo. Um exemplo: as montadoras chineses dependem dos talentosos designers italianos, principalmente nas suas carrocerias. 

Mas boa parte da nova geração de carros elétricos mostrados em Xangai são originais. É um progresso que demonstra que os chineses já respeitam a propriedade intelectual ocidental, que anter era “copiada”, além da inspiração. Na síntese, o Salão de Xangai mostra uma indústria chinesa que cresce sem parar e já assusta o Ocidente por sua competitividade. Prometem os chineses que o carro elétrico trará um futuro limpo. Esquecem que a China é movida a carvão.

 

 


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