Conversa de Carro: Festival de incertezas

Conversa de Carro: Festival de incertezas

Lobby que liberou e-fuel na Europa enfraquece escalada do carro elétrico

Renato Rossi

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A montadora chinesa Geely proprietária da Volvo, vai incluir oito unidades industriais para a produção de motores nesta associação dos chineses com a Renault e a Saudi Aramco, especializada em combustíveis. Com pesquisa avançada na área dos e-fuels. Os combustíveis sintéticos não podem ser poluidores e moverão os motores a combustão após o limite definido por lei do banimento dos motores a combustão em 2035.

A lei foi contestada pela indústria automobilística alemã e pelo governo de maioria socialista dentro da coalizão com diversos matizes políticos que governa a Alemanha. A indústria automobilística local teme que a transição da combustão para o elétrico gere desemprego em massa. O segmento industrial emprega mais de 1 milhão de trabalhadores. Para a eletrificação, terá que investir muitos bilhões de euros para treinar trabalhadores em um novo segmento do automóvel. Foi tamanha a pressão de grupos econômicos, que incluem as poderosas petroleiras, que o Parlamento europeu voltou atrás. A lei será retificada e permitida a produção de motores a combustão movidos a e-fuel e biocombustível, após 2035.

Para desespero dos ecologistas. O combustível líquido terá que ser totalmente “limpo” já que o e-fuel de hoje deixa resíduos de dióxido de carbono no ar. O CO2 é um dos principais gases de aquecimento global. O e-fuel seguro para o ambiente demandará investimento bilionário. Para encerrar o “espetáculo de incertezas” em que se transformou o futuro do carro elétrico, esta associação da Geely e Renault para a produção de uma nova geração de motores a combustão soa como um epitáfio para o carro elétrico. O prosseguimento do motor à combustão após 2035 é um mau exemplo para o mundo e ira gerar o descrédito na opinião publica global. Esta se sentirá fraudada em sua exigência por um mundo limpo.

Os adeptos do caríssimo e complicado e-fuel deviam ter peguntado a centenas de milhões de crianças e jovens no mundo se poderão viver num planeta onde o ar terá a espessura de centímetros e onde a terra virou mar. Já que o motor a combustão prosseguira, seria mais coerente ressuscitar o álcool. Afinal, a cana de açúcar já esta ali é só colher e enfiar o liquido no tanque. Na pior das hipóteses, a caipirinha que o mundo adora.


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