Conversa de Carro: Novo descobrimento

Conversa de Carro: Novo descobrimento

Indústria automobilística passa por transições difíceis, com mudança tecnológica e pressões da geopolítica

Renato Rossi

Conflitos no Mar Vermelho geram escassez de componentes

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Hoje não basta apenas escolher um terreno em algum lugar do planeta, para instalar uma tecnológica unidade industrial, ao custo de muitos e muitos bilhões de dólares. Pode ser um “terreno minado”, visado por grupos terroristas, em países instáveis politicamente.

As minas de lítio da Nigéria valem trilhões de dólares, mas são controladas pelo grupo terrorista Boko Haram, associado a Al-Qaeda e em plena atividade. As indústrias avançadas na tecnologia de produção de chips, essenciais ao desenvolvimento da inteligência artificial e dos sistemas dos automóveis, estão em Taiwan. A ilha a 200 quilômetros de distância da China continental tem governo capitalista, supervisionado pelos Estados Unidos e detestado pela China. A invasão de Taiwan não tem hora marcada, mas acontecerá. E terá efeito desestabilizador na indústria automobilística global, que depende em 90% dos chips especializados produzidos pela gigantesca Taiwan Semi Conductor Manufacturing Corporation. Mas que pouco tempo à frente pode ser a China Semi Conductor.

Nos Estados Unidos, Donald Trump ameaça taxar a mais de 100% os carros produzidos na China. E quer acabar com o carro elétrico. Trump é um destes lideres que o mundo democrático rejeita. Mas se vencer a eleição, as gigantes Ford e GM, que estão no sólido caminho da eletrificação, terão que voltar para o motor à combustão. A opção de Henry Ford, em 1910.

Nesta semana, os navios que se aventuram pelo Mar Vermelho e o Mediterrâneo para movimentarem a economia global, são alvos de mísseis. E 67% da produção asiática de componentes automotivos passa pelo Mar Vermelho, a caminho do canal de Suez. Agora, os navios costeiam a África, como os navegadores portugueses em 1500. Já, já, o Brasil vai ser redescoberto.


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