Conversa de Carro: "Novo Popular" pode ser passo importante para substituição de frota no Brasil

Conversa de Carro: "Novo Popular" pode ser passo importante para substituição de frota no Brasil

País precisa de iniciativas mais agressivas que levem à atualização tecnológica de automóveis defasados

Renato Rossi

Kwid e Mobi são principais candidatos a "populares"

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Com o lançamento ainda que incompleto do novo carro popular, as especulações se intensificam no mercado, já que descontos diferenciados em modelos de preço até R$ 120 mil são os únicos referenciais. Em termos de redução dos altos custos, o “novo popular” é “igualzinho” ao carro popular de 1993, que teve preço reduzido unicamente na redução dos impostos. Naquele momento, o governo de Itamar Franco, cortou a zero o IPI. Agora é o IPI acompanhado do PIS Cofins.

Mas não há complementos que levariam o carro popular a ser parte de uma realidade mais complexa, que contaria também com a estratégia de renovação de frota, essencial num pais que tem milhares de carros com 30 anos de vida ou mais. A maioria dos “envelhecidos” tem cerca de 11 anos de uso. A condição de uso rude, pela falta de conservação de ruas e rodovias reduz a vida útil de qualquer veiculo em mais de 50%. Há buracos, lombadas e “vales”, que quebram suspensões, trincam plataformas e fazem o veículo sofrer. Não foi desta vez que o “Programa de Renovação de Frota” chegou.

Na Europa, a renovação é amparada com sólida política de reciclagem de carrocerias, plataformas, componentes mecânicos e eletrônicos. Como o carro que trafega no Brasil não tem “fim”, a reciclagem até hoje é desnecessária, porque o modelo se desintegra “naturalmente”, as vezes em plena rodovia. Velharias com sistemas de segurança desgastados e motores poluidores são ameaças ao humano e meio ambiente. A falha mecânica é ignorada no Brasil.

O novo popular esta no mercado e os bons Fiat Mobi e Renault Kwid terão desconto acima de R$ 10 mil e vão vender muito. O brasileiro adora qualquer redução de preço. Ao lançar o novo popular com descontos graduais, o governo não poderá fazer deste programa um lance oportunista e passageiro. Se fizer, as montadoras sofrerão grande desgaste diante dos consumidores. O “novo popular” pode ser o primeiro, isto sim, o passo crucial para a estratégia maior que traga em definitivo a reciclagem, para a substituição de frota.


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