Ford “antecipa o futuro” com relatório de tendências para 2024

A Ford divulga numa escala global, nesta semana, seu Relatório de Tendências 2024. É o resultado de pesquisa realizada pelo departamento de “futuro” da Ford Motor Company em 16 países, incluindo o Brasil.

Jen Brace, o "futurista-chefe” da Ford explica os resultados. “As percepções de milhares que concordaram em responder às nossas perguntas podem orientar o desenvolvimento de produtos e serviços da Ford para um mundo com mais incertezas do que certezas”.

No relatório, prossegue, valores tradicionais na sociedade de consumo do ter e adquirir sempre mais são trocados por valores que valorizam o humano, como a fé, solidariedade e qualidade de vida. Na pesquisa, 52% das pessoas aceitariam reduzir em 20% o salário para ter maior qualidade de vida. É a busca de uma maior sensação de estabilidade num mundo imprevisível. “Esta qualidade de vida, hoje, é mais importante do que a vitória profissional”.

Hierarquia e necessidades

Uma grande mudança de comportamento , salienta o cientista, está nos 44% de pessoas em todo o mundo que priorizam pensar primeiro em suas necessidades sem se submeterem ao que os outros querem e pedem. Submissão ao consumo conspícuo e antiecológico é trocada por atitudes saudáveis, que podem ser minimalistas. O caminhar, andar de bicicleta ou simplesmente conviver com a família. E 48% dos entrevistados estão cortando as relações tóxicas em qualquer nível. O que acrescenta principalmente no plano espiritual e intelectual, deve ser cultuado.

Inteligência artificial

O crescimento da utilização da Inteligência Artificial e a sustentabilidade são temas prioritários. Os recursos de IA são disponibilizados pela indústria automobilística. Mas isto não ameniza o clima de desconfiança em relação à utilização. Mais de 60% dos entrevistados sentem que o uso intensivo da virtualidade distancia os seres humanos da plena compreensão da verdade.

A IA recria o ser humano como um “boneco movido a chips”, mas que age como o humano. Em automóveis de ultima geração, cria seu próprio discurso que até contesta o humano. Mais de 70% acreditam que a inteligência artificial pode anular o humano. Outros 49% dos entrevistados acreditam que a IA trará uma perda massiva de empregos. E 60% dos participantes concordam que será parte integrante de nossa vida até 2035.

A IA já gera grave efeito colateral: 70% dos entrevistados têm dificuldade em diferenciar o que é real e o que é falso quando leem as notícias. Segundo Jen Brace, caberá aos governos e aos cidadãos denunciarem e excluírem uma inteligência artificial voltada à manipulação da informação.

Sustentabilidade

Apesar de milhões de seres humanos acreditarem que é extremamente importante combater as mudanças climáticas, menos pessoas neste estudo de 2023 mudam seu comportamento para evitar prejuízos ao ambiente. Segundo Jen Brace, é preocupante que, em 2023, 75% dos entrevistados afirmam combater ativamente as causas do aquecimento global, enquanto em 2020 eram 80% dos entrevistados que mostravam atitudes positivas em relação à redução das causas do aquecimento global.

Este recuo é vislumbrado em outro dado preocupante, segundo o futurista: 47% acreditam que os outros deveriam usar veículos elétricos para ajudar a combater o aquecimento global. Mas apenas 4% manifestam o desejo de comprar e utilizar o carro elétrico. Ainda há um baixo nível de adesão a modalidades ecológicas de transporte.