O chinês estrelado

O chinês estrelado

Atto 3, da BYD, recebeu cinco estrelas nos testes de impacto do Euro NCAP

Renato Rossi

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É um sarcasmo que partiu do “temível” Jeremy Clarkson, o famoso jornalista automotivo inglês e um dos melhores do mundo. Clarkson afirmava com frequência que “os carros chineses eram péssimos, porque chineses aprenderam a fazer veículos com os russos”. Foi acusado de xenofobia pelo governo da China, mas no fundo ele tinha razão. A origem da indústria automotiva chinesa é dos anos 50, nas associações com fabricantes russos. A maioria com origem militar. Nos primeiros 30 anos, a produção ficou restrita a 200 mil veículos destinados principalmente às forças armadas da China. 

A segurança não era uma prioridade das montadoras chinesas, com seu aço de má qualidade e projetos falhos. A partir dos anos 90, o regime comunista adotou um pragmático capitalismo e abriu o mercado a investimentos de montadoras estrangeiras. Em 1997, a General Motors se associou a Saic, subsidiada pelo governo, e começou a produção na China. E dezenas de marcas seguiram a GM. 

A partir destas associações finalmente a qualidade de produto integrou a produção das montadoras chinesas. Embora até hoje o governo comunista é cúmplice da insegurança num sistema de trânsito que mata mil pessoas por dia. Porém, nesta semana, a “luz no fim do túnel”: o crossover Atto 3, da BYD, é o primeiro carro chinês, em décadas, a receber cinco estrelas nos testes de impacto do Euro NCAP. Isto significa uma mudança comportamental na linha de montagem da China, agora com carros seguros. Porém, há um objetivo econômico e mercadológico. A China almeja a liderança global em carros elétricos a partir de 2025. E o “estrelado” Atto 3 sinaliza uma nova invasão chinesa fundada sob a qualidade e a eletrificação do automóvel. Desta vez pode ser bem-sucedida.

 


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