Os novos motores três cilindros

Os novos motores três cilindros

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Aqui uma das versões do Captur inaugura o motor tricilíndrico com 82 hps que foi mostrado a Imprensa na semana que passou na Unidade Industrial da Renault em Curitiba. A imprensa especializada elogia o forte torque deste motor e sua economia. O blog não foi convidado para o lançamento. Na França, o Captur disponibiliza o câmbio mecânico e automático com seis velocidades.

O grande trunfo do Captur é ser muito bonito. E a Renault do Brasil equipará uma das versões do crossver com o novo motor 1.0 SCe, que chega ao mercado montado em cima de uma “piada à francesa”: a montadora comunicou a mídia que o novo motor tem um sistema que segundo a Renault do Brasil, “veio direto da Formula Um”. Tal sistema permite que a bateria seja recarregada nas frenagens.

A Renault, deve saber que este sistema é tão novo como a “Arca de Noé”. Era utilizado nos carros híbridos da Toyota como o Prius desde o início dos anos 90. E a Toyota nunca alardeou que tal sistema viesse da “Formula Um”. Também não é novidade esta “onda” dos motores três cilindros e a Renault é a última a entrar no “Clube que perdeu um cilindro”. Os motores tricilíndricos tem performances variadas no Brasil. E todos, sem exceção, foram testados por Carros e Motos do Correio do Povo. A perda de um cilindro traz vantagens no menor peso do motor, número reduzido de peças internas e economia de combustível pela ausência de um cilindro. A desvantagem é que por ter um cilindro a menos, há nível maior de vibração, principalmente nas reduções de marcha que levam o motor às baixas rotações. As vibrações são eliminadas, em parte, através do uso de tecnologias como os eixos de contrabalanço no virabrequim. Mas esta é engenharia complexa que caberia num manual para o mecânico da assistência técnica da concessionária.

Para o usuário do veículo, basta a eficiência ou ineficiência do motor, no uso urbano e rodoviário. Já analisados e testados por C&M: os motores três cilindros que equipam o Up, Mobi, March, Ka e HB20. Com maior ou menor eficiência são bons motores. Mas o campeão em torque e funcionamento silencioso, é sem dúvida, o EA111 que equipa o Up. O projeto custou à Volkswagen 600 milhões de reais. Mas rendeu bons frutos. Com este motor o Up mudou seu caráter e quase vira carro esportivo no torque impressionante e linear deste 1.0 com turbo e 115 hps.

O EA11 foi expandido na potência para 125 hps e passa a equipar também ao Golf. Este surpreendente Golf 1.0 foi testado por C&M e mostrou uma performance que surpreende na medida em que tem mais torque e força em relação ao motor 1.6 aspirado. Mas o turbo faz toda a diferença. Também motores competentes 1.0 aspirado do Fiat Mobi, quase sem rumosidade e bom torque, o três cilindros do March com forte torque nas baixas rotações mas barulhento demais nas altas rotações e o competente 1.0 turbinado do HB20. Que deu novo ânimo ao belo hatchback.

Convém salientar que o novo 1.0 da Renault não insere o turbo compressor que poderia melhorar sua performance, criticada por 90% dos jornalistas em suas resenhas. Quanto à redução de ruído, as marcas que produzem motores tricilíndricos realizaram uma adaptação tecnológica para que os três cilindros realizem o ciclo completo de admissão, compressão, explosão e escape de forma silenciosa e sem vibrações. A rumosidade do motor exige contrapartidas como a inserção de um eixo de contrabalanço junto ao virabrequim para redução das vibrações. No motor da Renault as críticas alcançam também a colocação do tanquinho de gasolina que ajuda o álcool a “esquentar”.

Quem tem carro com tanquinho sabe da chateação de recarregar o tanque e da demora na ignição se a gasolina é de baixa qualidade. Modelos mais avançados como o Up e Mobi tem resistência elétrica que esquenta a gasolina no processo de admissão do motor. A Renault é sempre a mesma. Aquela que oscila da modernidade à inexplicáveis cortes de custos que empobrecem o produto. Quem lidou com o mau acabamento do caro Fluence entendeu o que isto significa na péssima qualidade da iluminação do sedan, por exemplo.

Por Renato Rossi

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