Adolescência duplicada

Adolescência duplicada

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Filmado em Goiás, “As Duas Irenes” é o primeiro longa-metragem de Fábio Meira. Este drama acompanha duas adolescentes que se descobrem irmãs por parte de pai e se tornam amigas. As atrizes protagonistas, Priscila Bittencourt e Isabela Torres, também fazem sua estreia no cinema. A narrativa se passa em uma cidade pequena, onde o sistema patriarcal e machista ainda se mostra dominante. Este roteiro, que aborda a questão de homens que têm mais de uma família, apresenta o fato pela ótica das filhas. A formação da identidade e as mudanças corporais típicas de idade parecem ser transformações intensificadas no momento em que cada uma das Irenes vê na meia-irmã uma espécie de reflexo.


O roteiro conduz, com delicadeza, essa comparação entre elas. A presença do pai,  interpretado com precisão e firmeza por Marco Ricca, é tão inquestionável naquele ambiente que nenhuma das duas consegue conversar com ele sobre suas descobertas recentes. A sutileza com que o cineasta conduziu essa transição é um dos trunfos do filme, que, desde o seu início teve a proposta de ser um filme "pequeno", no sentido de ter um orçamento enxuto. Mas é um filme rico para quem gosta de encontrar em obras cinematográficas material farto para análises psicológicas. Entre os destaques do longa também se pode citar a atuação de duas atrizes, Teuda Bara e Inês Peixoto, do reconhecido grupo de teatro mineiro Galpão. Ambas emprestam à história a presença de figuras femininas responsáveis pelo clima de aconchego que só casas interioranas costumam proporcionar. Concorrente na mostra de longas brasileiros do Festival de Cinema de Gramado deste ano, “As Duas Irenes” saiu premiado com quatro troféus: Melhor Roteiro, Melhor Filme para o Júri da Crítica, Melhor Direção de Arte e Melhor Ator Coadjuvante para Marco Ricca. Desta forma, já se inscreveu entre os melhores filmes nacionais do ano até o momento.


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