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Já vimos muitas histórias de familiares que, depois de muitos anos separados, se encontram e se debruçam em lágrimas frente às câmeras de televisão. No caso de "Philomena", a profundidade é na medida certa, deixando claro que o cinema é capaz de colocar na tela narrativas com realismo sem apelar para o sentimentalismo, nem isolar-se no racionalismo irônico. Com o talento de Judi Dench e baseada em fatos reais, a história começa na Irlanda de 1952. A jovem Philomena Lee (Sophie Kennedy Clark ) tem um filho em um relacionamento fugaz e é mandada para um rígido convento. Lá, presa a uma culpa imputada pelas freiras que produzem série de castigos psicológicos, vê o filho ser enviado para adoção. Com toda intensidade dramática que lhe caracteriza, Judi Dench encarna a Philomena, 50 anos depois do parto, e revela este segredo para a família. Aí é onde surge, talentoso e na medida da fleuma e ironia britânicas, Martin Sixsmith (vivido por Steve Coogan), um jornalista de temperamento forte e demitido da BBC. Daí em diante, o filme se torna ainda mais intenso, quando os dois personagens vivem encontros e desencontros, em suas crenças, medos e certezas, ao mesmo tempo em que buscam o filho perdido da protagonista. A direção de Stephen Frears (o mesmo de "Alta Fidelidade" -2000, "A Rainha" -2006 e "Ligações Perigosas" -1988) vai revelando, aos poucos, as questões mais profundas desta história baseada em fatos verídicos, e surpreende, encanta e envolve. Com fortes questionamentos às crenças, certezas e incertezas, de um mundo que muda, mas permanece igual, em diferentes latitudes. Recomendadíssimo.

Marcos Santuario

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