Capitão atual

Capitão atual

publicidade

capitaoVocê já deve ter ouvido alguém dizer: “que vontade de largar tudo e ir morar no meio do mato”. Pois é isto que fez o protagonista Ben, interpretado brilhantemente por Viggo Mortensen no filme “Capitão Fantástico”, um dos lançamentos nos cinemas a partir de hoje.


Dirigida por Matt Ross, a produção mescla drama e comédia e traz para os cinemas o cotidiano de um pai que cria seus filhos de uma forma atípica: em meio a uma floresta, longe dos grandes centros urbanos e do que ele considera uma sociedade que vive sob a égide de um capitalismo exagerado. Mas quando sua esposa, que estava enferma na casa dos avós, morre, o pai tem de contar a notícia aos filhos (a atuação das crianças também merece elogios). Ele se vê frente ao desafio de levar seus filhos para o enterro da mãe. A situação da perda já é difícil, mas se torna ainda mais delicada porque, devido ao isolamento, as crianças não estavam familiarizadas com diversos hábitos comuns de quem vive nas grandes cidades. Por exemplo: um dos pequenos pergunta, a certa altura da viagem, ao ver o número de obesos mórbidos em uma cidade norte-americana: “eles estão doentes?”. E isso nos leva a questionar: a sociedade do conforto atual incentiva a uma vida saudável?


Para completar, o sogro (Frank Langella) odeia Ben  e o acusa de ser irresponsável por criar os filhos à própria maneira, estudando com ele mesmo, apenas lendo livros e sem frequentar uma escola tradicional. Ben se defende dizendo que seus filhos são saudáveis, só se alimentam com “orgânicos” e leem mais do que crianças de sua idade.


Mas a falta de sociabilidade também pode gerar problemas. É o que se vê com o filho mais velho, adolescente, que ao ter contato com uma garota da sua idade, não sabe como proceder e fica com o diálogo limitado, porque percebe que não tem quase nada em comum com ela, nem um programa de televisão sobre o qual possa conversar (visto que ele e sua família não assistem a TV).

Por isso, este é um filme bastante apropriado para se debater o modo de vida atual. Quem está certo e quem está errado? Talvez essa não seja a resposta que o filme procure dar. Mas se ter a liberdade de escolha e ser fiel ao que se acredita talvez seja a mensagem mais marcante do filme.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895