Consciência antibelicista
“Uma Vida Oculta” mostra vida de fazendeiro austríaco que se opôs a Hitler
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O diretor Terrence Malick dirigiu poucos filmes em sua carreira. E a maioria deles tem uma marca característica, que é a reflexão, a contemplação. O mais recente é “Uma Vida Oculta” (A Hidden Life), que é baseado em uma história real, pouco conhecida, passada no período da II Guerra Mundial – aliás, o mais violento de todos os conflitos da história da humanidade é um manancial inesgotável de acontecimentos para serem contados, por mais que todos os dias surjam novos e novos fatos.
A trama foca no fazendeiro austríaco Franz Jägerstätter (August Diehl), que vivia em sua fazenda ao lado da esposa e das três filhas, quando explode a II Guerra, provocada por seu conterrâneo Adolf Hitler, então ditador da Alemanha nazista.
Franz é convocado e parte para a frente de batalha. No começo tudo é novidade, a amizade com os outros soldados, as batalhas. Mas de repente, o fazendeiro se dá conta que aquilo está errado e que não pode compactuar com a violência nazista. De volta para casa, de licença, Franz reflete e sabe que lutar está contra seu pensamento – então se recusa a voltar à frente de batalha, e inicia uma guerra particular contra o sistema. Ele vira um pária, perseguido pelos nazistas e renegado pelos vizinhos.
Malick mostra os acontecimentos com muita propriedade, com os pensamentos de Franz relatando a história, num visual idílico, próprio da carreira do cineasta. O fazendeiro acabaria sendo considerado um traidor e seria executado em 1943, dois anos antes do final da Guerra.
O filme é o último da carreira do ator suíço Bruno Ganz, que morreu em fevereiro de 2019, e do ator sueco Michael Nyqvist, falecido em junho de 2017. E é uma obra antibelicista, que mostra como as guerras são acontecimentos desnecessários e trágicos.