Django a la Tarantino

Django a la Tarantino

publicidade

É um dos mais esperados filmes que concorre ao Oscar deste ano. Ao menos para os amantes do cinema de Quentin Tarantino. Pergunta corrente: "o filme é bom?" No caso deste, digo: "é Tarantino!" ... No faroeste contemporâneo “Django Livre” não se deve buscar similaridades exatas com “Django não Perdoa, Mata” (“L’uomo, L’orgoglio, la Vendetta”), de 1968, que fez brilhar o talento de Franco Nero. Nem querer que Tarantino não seja Tarantino.

O Django filmado no século passado, em 95 minutos, verte sua inspiração na ópera “Carmen”, de Georges Bizet, adaptado pelo diretor Luigi Bazzoni. No Django de Tarantino, Jamie Foxx (ganhador do Oscar por “Ray”) é o protagonista que se une a um matador (vivido brilhantemente por Chistoph Waltz, outro oscarizado, por “Bastardos Inglórios”) e os dois dão início a uma trilha de vingança e, claro, muito sangue e violência. Mas o protagonismo de Django só se dá depois da primeira meia hora do filme, inicialmente com um Waltz que preenche a tela. As revelações planejadas no roteiro ganhador do Globo de Ouro deste ano conferem às duas horas e 45 minutos de duração do filme um ritmo alucinante, trazendo novas cores a um gênero tão consolidado como o faroeste. Isso graças ao cineasta que já é ícone de uma nova geração, e autor de filmes que se tornaram clássicos: “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”, nos anos 1990; e a série “Kill Bill”, nos anos 2000. Para isso, reuniu um elenco famoso e competente que, além de Fox e Waltz, tem nomes como Leonardo DiCaprio, Don Johnson, e Samuel L. Jackson.

A trilha sonora é show à parte, com atenção especial de Tarantino. Em “Django”, reúne a batuta talentosa do italiano Ennio Morriconne, que escreveu algumas das trilhas sonoras mais conhecidas dos western spaghetti do cineasta Sergio Leone, com temas de Richard Wagner embalando as cenas de matança. E segue, do rock ao rap. E muito mais. Ousada também e muito "tarantinesca"...

A questão da escravidão é vista com olhos irônicos, mas sem desviar o foco da essência, dura, dramática e abominável. Quando o próprio diretor entra em cena é impossível não cair na gargalhada. No início e no final de sua atuação. Pra quem gosta de Tarantino, de sua estética, de sua velocidade e de sua ironia.

Marcos Santuario

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895