Dramático e maniqueísta

Dramático e maniqueísta

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O diretor Steve McQueen, homônimo do grande ator dos anos 1960, não poupou  cenas fortes e dramáticas em "Doze Anos de Escravidão". O filme é baseado
no livro de Solomon Northup, publicado em 1853, nos Estados Unidos, e  relata o drama vivido pelo próprio músico negro entre 1841 e 1853. Ele é interpretado por Chiwetel Ejiofor e nasceu liberto, morava em Nova Iorque,  era casado e pai de dois filhos. Um dia é convidado a se apresentar em Washington D.C., mas acaba sequestrado e levado para o sul escravagista  para ser vendido como escravo. Primeiro para nas mãos do cristão Ford (Benedict Cumberbatch), que até via alguma coisa naquele negro, bom  tocador de violino. Mas se vê obrigado a vendê-lo para outro senhor, o cruel Edwin Epps (Michael Fassbender), depois de Solomon confrontar um  violento capataz, Tibeats (Paul Dano, de "Sangue Negro").

Nas mãos de Epps, Solomon vai passar o inferno na terra, em seus longos anos de cárcere. Ele trabalha catando algodão, e o tronco e as chibatadas são castigos quase diários, pois todo o escravo tinha uma cota determinada para colher. E quem não a alcançasse, o castigo era a violência física, e que aos poucos ia também destruindo o espírito. McQueen dá closes nas costas laceradas dos escravos. Uma cena de enforcamento chega a ser angustiante. A câmera fica parada, focando no castigado, pendurado por uma corda, enquanto as pessoas caminham ao lado, indiferentes ao seu sofrimento. Solomon também se vê obrigado a esconder a sua condição de homem culto, letrado.

Sim, o diretor é maniqueista. Os negros são todos sofridos e perseguidos, enquanto os brancos em sua grande maioria, são maus e racistas ao extremo.
As atuações são ótimas. Chiwetel Ejiofor, Fassbender e principalmente Lupita Nyong"o, como a escrava  Patsey, também objeto sexual do personagem
de Fassbender, mostram em suas presenças de cena, uma época para se esquecer.

Chico Izidro

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