Ficção sobre pracinhas

Ficção sobre pracinhas

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O vencedor do Kikito de Melhor Longa-Metragem Nacional no Festival de Cinema de Gramado 2014, “A Estrada 47”, tem a direção do carioca Vicente Ferraz. O filme acompanha um grupo de quatro militares da Força Expedicionária Brasileira em território italiano no final da II Guerra Mundial. Esta é uma obra de ficção, inspirada em fatos reais sobre a participação de pracinhas no conflito.

Esta coprodução entre Brasil, Itália e Portugal é ambientada na região da cidade de Gaggio Montano, próxima do mítico Monte Castelo. Apresenta o encontro de pessoas de diferentes nacionalidades em situações extremas. O grupo de quatro pracinhas brasileiros se vê em um monte italiano para lutar pelos Aliados em pleno inverno. Depois, se junta a eles um jornalista (Ivo Canelas). Os militares são vividos pelo gaúcho Julio Andrade, como Tenente Penha; Daniel de Oliveira, como Guimarães, rádio-operador do esquadrão de caça-minas; Francisco Gaspar, como o soldado Piauí; e Thogun Teixeira, como o sub-sargento Laurindo, um carioca negro que integrava a bateria da escola de samba da Portela.

Esse grupo, formado por homens de diferentes partes do Brasil, acaba cruzando com um coronel nazista, interpretado pelo ator alemão Richard Sammel. O ator italiano Sergio Rubini também integra o elenco. Apesar de ser um drama, “A Estrada 47” alterna, de modo competente, momentos de tensão com humor, o que torna o tema um pouco menos árido. A graça é visível especialmente nos personagens Laurindo (Thogun Teixeira) e Piauí (Francisco Gaspar), que fazem a sua brasilidade se revelar totalmente deslocada num contexto que pouco lhes diz respeito. O nordestino sofre mais com o frio do que os demais e, em momentos de pânico, começa a cantar como o vaqueiro do interior do Piauí que era.

Apesar das dificuldades, o grupo procura se superar para conseguir liberar uma estrada minada, fundamental para a libertar a região. Com uma direção de fotografia que também merece destaque, assinada por Carlos Arango de Montis, “A Estrada 47” tem a maioria das cenas em campos nevados, de maneira que a natureza se torna também um personagem. Por resgatar a história da participação dos brasileiros na II Guerra e contá-la com sensibilidade e empatia, este é um dos filmes imperdíveis de 2015. Um dos melhores da recente safra nacional.

 

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