Gadot precisa acertar o tom

Gadot precisa acertar o tom

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O filme “Mulher-Maravilha”, de Patty Jenkins, alcança o objetivo pelo qual foi feito: apresentar a origem da heroína. A atriz israelense Gal Gadot já tinha aparecido como a personagem anteriormente no filme “Batman Vs Superman: A origem da Justiça” (2016). Agora, ela estreia em seu filme solo.


A história começa com ela ainda na infância, conhecendo as lendas de seu povo com sua mãe, a rainha Hipólita (Connie Nielsen, de “Gladiador”), em uma ilha. A rainha tenta protegê-la e nunca lhe revela um segredo sobre seu pai. Treinada desde cedo para ser uma guerreira imbatível, ela não tinha experiência com o mundo exterior até o avião do militar Steve Trevor (Chris Pine) cair em uma praia do local. Com os relatos do piloto, ela descobre que uma guerra sem precedentes está ocorrendo e decide ajudar a resolver o conflito.


A narrativa faz uso da mitologia grega para explicar a origem das amazonas e, dentro deste contexto, faz sentido a heroína procurar o deus da guerra, Ares, que ela acredita estar por trás dos confrontos entre as nações. Ela embarca com o belo espião para a Inglaterra e passa a usar o nome "civil" de Diana Prince. A partir daqui, a atmosfera e a fotografia do filme se tornam mais sombrias. A ilha secreta em que a amazonas vivia, protegida por neblinas pelo próprio Zeus para se tornar invisível, é um ambiente solar e paradisíaco. Por isso, o contraste é impactante quando a dupla chega a uma Londres suja e cinzenta. Enquanto Diana vai percebendo o alcance de seus poderes, ela ajuda um pequeno grupo de aliados para evitar o uso de uma arma química por um general alemão. Seus dons contam com acessórios especiais, como o escudo e os braceletes à prova de balas, além de um laço que tem o dom de fazer o enrolado falar a verdade. Um dos elementos que move a narrativa é justamente o choque da "estrangeira" com a realidade que encontra. Esse espanto frente à complexidade do gênero humano gera as cenas mais irônicas da trama, apesar de o humor não ser o ponto forte da produção.


As cenas de ação são admiráveis, especialmente as sequências em que a velocidade diminui o ritmo, permitindo ver movimentos da heroína em câmera lenta, e a trilha sonora ajuda. A caracterização das amazonas também convence dentro do universo onírico. Mas Gal Gadot às vezes parece mais uma modelo do que uma atriz e sua personagem se aproxima de uma sílfide ao invés de uma guerreira. Falta-lhe o vigor e a experiência que, por exemplo, a personagem Antíope, vivida  por Robin Wright, apresenta no pouco tempo em que está em cena.


O affair de Diana com o espião dá um toque romântico à trama, suavizando o lado bélico, o que funcionou. Por ser jovem, Gadot ainda tem tempo para acertar o tom de sua protagonista. É o que se espera, visto que sua participação é certa para o próximo filme que irá reunir vários super-heróis da DC Comics, como Batman, Superman, Aquaman, Cyborg e The Flash na “Liga da Justiça”, com previsão de estreia em novembro deste ano.




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