Heroísmo na direção

Heroísmo na direção

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imageQuentin Tarantino já revelou: "Eu roubo ideias de cada filme já feito". E ele faz isso em relação aos seus próprios filmes. O autoplágio fica evidente, sem desmerecer obra e criador. É visível e reconhecível (e aplaudível) o Tarantino em "Os Oito Condenados", com duas horas e quarenta e cinco minutos de projeção. Com mais diálogos que ação sanguinária, os poucos momentos de violência explícita se dão duas horas depois do início da projeção. Até então a delícia começa embalada pela trilha sonora original, composta pelo genial maestro Ennio Morricone, compondo o quadro de personagens que sobem na carruagem fílmica (e cenográfica da produção). Referências históricas, se sabidas, são bem vindas. Algo da história norte-americana, da existência de Abraham Lincoln e da filmografia do diretor de obras como "Pulp Fiction (1994), Kill Bill (2003) e Bastardos Inglórios (2009). Não há dúvida que originalidade e criatividade perpassam este novo trabalho de Tarantino, mesclando temas antigos a conceitos e personagens que cativam e instigam. Vale a pena ver, ou rever, "Sete Homens e Um Destino" e "Os Doze Condenados". E o seu último "Django". O novo Tarantino bebe também nestas fontes. E avança.


Neste seu oitavo filme, o cineasta volta a reunir atores que o acompanharam em outros sets. Eles embarcam na trama que começa com sua primeira protagonista de peso: a neve. Filmado em 70 milímetros, já parte daí subvertendo a lógica da expansão do digital. Possibilita, assim, degustar as imagens amplas, a profundidade de campo e a horizontalizacão das cenas. A tal neve densa ganha em vastidão e intensidade. É o ambiente mágico que emoldura a travessia de uma diligência no oeste dos Estados Unidos, alguns anos após a Guerra Civil. Irreconhecível, na carruagem, a fugitiva ensanguentada é Jennifer Jason Leigh, de mãos presas ao caçador de recompensas vivido pelo aqui ótimo Kurt Russell. A viagem continua com a chegada do ex-soldado negro encarnado por Samuel L. Jackson, começando aí o espetáculo de falas, acentos e relações étnicas e sociais do momento. No elenco, ainda, Tim Roth, Bruce Dern, Walton Goggins, Michael Madsen, Demián Bichir, James Parks e Channing Tatum. Para ver e rever.


https://www.youtube.com/watch?v=X77jUwnzEJk

 

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