História indicada

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O golpe militar de Augusto Pinochet contra o governo socialista de Salvador Allende, praticado na infame data de 11 de setembro, mas de 1973. O evento foi um dos mais violentos da história da América Latina. O cinema tem sido extremamente feliz ao registrar este incidente, como em "Desaparecido", "Um Grande Mistério"; "Chove Sobre Santiago" e "Machuca". "Dawson Ilha 10", direção de Miguel Littin, baseado nas memórias de Sergio Bitar, ex-ministro das Minas e Energia allendista, mostra o que ocorreu com os partidários do político morto naquele dia. Aqueles homens idealistas foram aprisionados no campo de concentração da Ilha Dawson, no extremo sul do Chile. Uma terra gélida e inóspita. Naquele lugar sofreram tremendas humilhações dos militares e há cada dia corriam o risco de, se não morressem de frio, serem fuzilados. Dawson Ilha 10, porém, não é maniqueista. Alguns militares são maus, mas nunca beiram o caricato, e outros mostram simpatia pelos prisioneiros.
O filme é recortado pelas cenas reais do dia do golpe. E as tonalidades das imagens à toda hora mudam, mostrando a incerteza na vida daqueles homens. O preto e branco nos traz, aliás, a memória visual que temos do período, onde os jornais e as fotos ainda eram monocromáticas.
Littin erra, porém, ao mostrar a morte de Salvador Allende. Como já foi comprovado, não uma, mas várias vezes, o presidente chileno cometeu suicídio e não foi assassinado, como é mostrado.
"Dawson Ilha 10", enfim, é um belo filme, indicando que a ferida do golpe militar de Pinochet ainda está aberta. E isso não é ruim, porque eventos como esse nunca mais devem se repetir.

Por Chico Izidro

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