Imaginação e vida

Imaginação e vida

publicidade

Quando acompanhamos a exibição de "A Forma da Água", na edição 2017 do Festival Internacional de Cinema de Toronto (Tiff), no Canadá, ela veio seguida de um encontro com seu diretor Guillermo del Toro, que como ninguém, é capaz de falar de sua própria obra. O diretor falou de seu processo criativo, da invenção ligada à imaginação, e da felicidade de ser recebido,  como mexicano, em um Canadá que abriu suas portas, em todos os sentidos. Mas, voltando ao filme. Quem se encantou com o seu “Labirinto do Fauno” (2006) vai ter ainda mais facilidade em envolver-se com este “drama de suspense fantástico com romance improvável” de "A Forma da Água". Não é a toa que o filme de Del Toro é o campeão de indicações ao Oscar 2018 (13), assim como foi no Globo de Ouro (sete — e saiu com troféus de Melhor Diretor e Melhor Trilha Sonora), Vale lembrar que a produção foi vencedora do Leão de Ouro no Festival de Veneza do ano passado.
O filme de Del Toro vem ambientado na década de 60, tendo como pano de fundo os grandes conflitos políticos e bélicos e as grandes transformações sociais ocorridas nos Estados Unidos, No centro da trama está a jovem Elisa, zeladora muda, em um laboratório experimental secreto do governo. Com vida pacata, a jovem, vivida com intensidade pela atriz Sally Hawkins (que disputa o Oscar de Melhor Atriz este ano), descobre uma criatura fantástica mantida presa no local em que ela trabalha. Elisa cria um laço afetivo com a criatura e, para elaborar um arriscado plano de fuga, reúne seu vizinho, Giles (Richard Jenkins) e uma colega de trabalho Zelda (Octavia Spencer). O vilão da vez é vivido por Michael Shannon, quem tenta frear os desejos de fuga com a criatura.
Elisa traz um universo de “princesa que não é da Disney”, como frizou Del Toro em Toronto, Ela conduz a trama, como mulher comum, que cozinha ovos e limpa sapatos, até encontrar o amor, pelo diferente, pelo estranho e, ainda assim, intenso. Um filme que proporciona momentos de reflexão sobre vida, encontros, desencontros, diferenças, sonhos, realidade e amizades. Ou seja, um prato cheio para um aprofundamento na observação do "eu" e dos "outros".

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895