Mais do que belo

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Pensei nos primeiros 30 minutos de O Resgate do Soldado Ryan, em que Steven Spielberg reproduz com maestria a invasão da Normandia pelos Aliados no Dia D. Em Cavalo de Guerra, o diretor americano consegue ser mais perfeito ao recriar as sangrentas batalhas na França durante a I Guerra Mundial. No espetacular filme, vemos a jornada do cavalo Joey, que criado pelo jovem fazendeiro Albert Narracott (o novato e promissor Jeremy Irvine), é comprado por um oficial inglês que parte para o conflito. O animal, a partir daí, vai passar pelas mãos dos alemães, de uma garotinha francesa, voltar para os alemães, depois para os ingleses, numa ciranda interminável. E sempre demonstrando ser um cavalo diferente dos demais pela sua incrível inteligência e força. Até seu nome, Joey, pode ser considerado como um diminutivo para Journey, ou jornada em inglês. Spielberg revelou ter utilizado 17 animais nas filmagens. E em apenas duas cenas utilizaram-se efeitos especiais para não machucá-los. E em muitos momentos, os atores eram instruídos a não interferir nos movimentos dos cavalos.
Em um dos momentos de Cavalo de Guerra, Spielberg consegue demonstrar o quanto do absurdo do conflito. A câmera filma o cavalo e o cavaleiro empunhando sua espada. Depois o inimigo e sua metralhadora. E corta para o rosto do soldado, em close, com os olhos vidrados, encarando a morte, ali a sua espreita. As batalhas nas trincheiras enlameadas e infestadas de ratos também são de um detalhismo excepcional.
Claro que Spielberg, por vezes, não consegue escapar das armadilhas sentimentais, mas constate-se, não baratos, como no momento em que Albie tenta salvar a expulsão da família da fazenda, ao fazer Joey arar uma terra pedregosa. E o diretor poderia também ter colocado os personagens franceses e alemães falando em seus idiomas e não em inglês. Já os britânicos falam inglês com seus sotaques locais. Só que isso não desmerece essa bela obra.
Por Chico Izidro

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