Nascida para voar

Nascida para voar

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Quando uma jovem de 34 anos decide colocar na tela a aventura de vida de outra jovem, ainda mais jovem, de 17 anos, o resultado pode surpreender. Sem apelar para discursos anti machistas ou outras questões mais radicais, "Lady Bird", a estreia na direção da aclamada roteirista, atriz e produtora norte americana, de ascendência alemã, Greta Gerwig, parece estar conquistando uma aprovação quase que total entre cinéfilos. Na tela, a atriz Saoirse Ronan,  irlandesa nascida nos EUA, de 23 anos (já vista em "Brooklyn" e "O Grande Hotel Budapeste") vive a garota do título, em processo de amadurecimento pessoal, escolar e familiar.


O filme tem como cenário a Califórnia, em 2002, e vai traçando o perfil da garota que decide obviar o nome dado pelos pais e se autodenomina Lady Bird. A alusão ao pássaro evoca o desejo de tomar outros voos que marca a personalidade da jovem. Seus conflitos em casa revelam uma relação conturbada com a mãe (vivida por Laurie Metcalf) e a insegurança dos passos a seguir. A empatia com a vivência da menina não é difícil, seja em qual for a fase da vida em que se esteja ao ver o filme. Quem nunca? Estão em cena o cotidiano, as conversas banais e reflexões sem respostas. 


Com orçamento de dez milhões de dólares, a trama, centrada nos conflitos de Lady Bird, se desenvolve de forma solta, sem pender para sermões maçantes ou liberdades sem limite. Um convite a viajar no frescor da juventude, nas buscas e desejos de uma fase fundamental, e nos caminhos a serem trilhados, a partir das escolhas individuais e sociais.


A diretora Greta Gerwig já é conhecida do público por suas colaborações com Noah Baumbach, em filmes como "Mistress America", "Frances Ha" (indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz) e "O Solteirão". "Lady Bird"  já levou, este ano, o Globo de Ouro de melhor filme de comédia ou musical (2018)  e  Globo de Ouro de melhor atriz em comédia ou musical para Saoirse Ronan. E concorre no Oscar 2018 nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor atriz.


"Lady Bird" integra a proposta do chamado Mumblecore, um movimento do cinema independente norte americano batizado com o nome em 2005. Em livre tradução pode ser algo como "geração do resmungo". E seguindo a tônica da proposta do movimento, em que: "os protagonistas dos filmes do gênero são como seus diretores", "Lady Bird" reflete algo de Greta, jovem do mesmo local da Califórnia, que viveu conflitos que cabem nas questões vitais da personagem. Talvez aí resida o realismo da narrativa capaz de envolver.




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