Normal e sem poder

Normal e sem poder

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O diretor espanhol Rodrigo Cortés havia acertado a mão no claustrofóbico "Enterrado Vivo", com Ryan Reynolds. Em sua segunda incursão hollywoodiana na área de terror, ele escorregou no fraco "Poder Paranormal". O filme trata sobre a tentativa de dois professores universitários, Margareth (Sigourney Weaver, de "Alien, o Oitavo Passageiro") e Tom (Cillian Murphy, de "A Origem" e "O Preço do Amanhã"), de desmascararem pessoas que se passam por paranormais, tirando proveito dos desavisados. Isso é um modo de vida para os dois, mas Tom é obcecado pelo médium cego Simon Silver (Robert DeNiro), que ele culpa pela morte de sua mãe. Ela tinha câncer, porém o médium diagnosticou apenas uma gastrite, com isso a mãe de Tom não procurou ajuda médica, acabando por morrer. O protagonista terá a oportunidade de tentar desmascarar Simon, quando este, milionário, sai de sua aposentadoria para uma série de apresentações e também para se submeter a testes na universidade onde Tom e Margareth trabalham. "Poder Paranormal" não foi feito para provocar sustos. Tem cenas interessantes, como as que explicam como alguns golpes são aplicados nos incautos fiéis. A história é contada de forma vagarosa e detalhada, e tropeça ao mostrar os personagens de forma quase superficial. E em seu final, para explicar tudo o que se sucedeu nas suas duas horas anteriores, Cortés apelou para as pegadinhas ao estilo criado por M. Night Shiamalan em "Sexto Sentido", "Corpo Fechado" e "A Vila". Cilliian Murphy segura bem o protagonismo do filme, tendo ao seu lado a ótima Sigourney Weaver, que infelizmente sai de cena rapidamente. Porém Robert de Niro mostra mais uma vez ser um ator careteiro, parado no tempo. E pensar que um dia ousaram tentar fazer uma disputa para saber quem era melhor ator, se de Niro ou Al Pacino. Al Pacino até hoje deve achar graça. Chico Izidro "Referendo" O ano de 2005 foi meio nebuloso para mim devido a uma violenta depressão. Então o que me recordo daquele período é o que anotei em cadernos e blocos. Tudo o mais se perdeu na poeira do tempo. E foi o ano em que o povo brasileiro foi às urnas para votar pelo "sim" ou "não" em relação ao desarmamento. Não recordo no que votei, mas devo ter votado pelo desarmamento por não gostar de armas. Só que não recordo se até mesmo cheguei a votar. Feitas as considerações inicias, vamos a "Referendo", de Jaime Lerner, homônimo do político paranaense, analisa aquele período, colhendo depoimentos de pessoas que por um motivo ou outro engajaram-se naquela questão: "O comércio de armas e munição deve ser proibido no Brasil?". O diretor o faz de forma instigante, com os depoimentos intercalados, espaçados e aos poucos vamos entendendo a motivação de cada entrevistado, focando principalmente nos gaúchos. Aqui, afinal existe uma forte tradição armamentista, guerreira e, lembrado bem, fazemos fronteira com outros povos belicosos. Temos o depoimento de um ex-secretário de segurança do Rio Grande do Sul, de uma professora, de um artista plástico, de um assaltante de bancos, de um estancieiro e também de donos de indústrias armamentistas. Um dos personagens entrevistados, por si só, daria um outro excepcional documentário, por causa de sua história singular e surpreendente. Não cabe aqui contar qual a história dessa pessoa, pois a surpresa é chocante. E nos faz refletir se é certo ou errado possuir armas. Mas uma coisa é certa, apenas o cidadão comum usa armas, muitas obsoletas. Os marginais possuem equipamentos, que por vezes, são de uso restrito das Forças Armadas e policiais.

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