Novela melosa

Novela melosa

publicidade

c5490fe0-1749-476c-bd39-43416ddbc9efGrace Kelly foi uma das atrizes mais lindas da história do cinema. Musa de Alfred Hitchcock, ao filmar “Ladrão de Casaca” no Principado de Mônaco, em 1955, conheceu o príncipe Rainier. Acabou casando com ele e largando a carreira cinematográfica e virando princesa, num casamento dos sonhos, em 1956. Pois no começo da década de 1960, ela foi procurada pelo diretor inglês, que a desejava como atriz principal em “Marnie – Confissões de Uma Ladra”, que como sabemos acabou com Tippi Hedren. Só que naquele momento, o mundo de Grace era outro, mas a vida real era vista como enfadonha por ela, que ficou balançada pelo convite de Hitchcock.


Em “Grace de Mônaco” ("Grace of Monaco"), direção de Olivier Dahan, de “Piaf – Um Hino Ao Amor”, não temos aquelas tradicionais cinebiografias mostrando a vida de uma personalidade desde a sua infância até a morte. Aqui foi seguido aquilo que vem ocorrendo com frequência, ou seja, pega-se um determinado período na vida de alguém, que fosse relevante, e romantizar um pouco. E Grace viu aquela época ser perturbadora. Ela pensou seriamente em aceitar voltar a filmar, mas seu marido, o distante Rainier era contrário ao desejo dela. Afinal, ela tinha coisas mais importantes para cuidar, como os filhos e os bailes, que considerava tediosos. E não bastasse isso, o Principado sofria uma grande pressão do governo francês de Charles de Gaulle. O presidente gaulês estava descontente com Mônaco, que não pagava impostos e ainda aceitava empresas francesas em seu minúsculo território, que ficavam isentas de taxas. De Gaulle ameaçou: ou Mônaco parava com isso ou seria anexado à França.


E Grace não ajudava em nada, sendo ainda vista com reservas pelos monegascos. Afinal, ela era filha de um comerciante americano e não possuía sangue azul. A pergunta que se fazia era quanto tempo ela aguentaria a vida que levava.


 O diretor faz um filme bonito visualmente, utilizando atores  muito semelhantes aos personagens reais que interpretam. E o esmero plástico e muito cuidadoso. Nicole Kidman por vezes lembra realmente Grace Kelly. O príncipe Rainier é interpretado por Tim Roth. O problema é que em “Grace de Mônaco” existe uma grande dose de novela, partindo de sua trilha sonora melosa, closes diversos no rosto de Nicole, brigas do casal real e tramas palacianas maquiavélicas, tudo isso já visto dezenas de vezes em outras produções.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895