O resultado das nossas escolhas

Um médico chamado Hermano (Armando Babaioff) e sua mulher, uma artista plástica (Mariana Ximenes), se dedicavam a aventuras ligadas ao montanhismo. Mas a notícia de que ela está grávida muda tudo.  Hermano acaba  repensando traumas do passado e se vê frente ao desafio da paternidade. Esta é a premissa do filme “Prova de Coragem”, dirigido por Roberto Gervitz (90 minutos) e adaptado do romance “Mãos de Cavalo”, de Daniel Galera.

O diretor, que esteve em Porto Alegre para divulgação do filme,  conta que entre os aspectos que lhe interessaram na história estão os dilemas do homem contemporâneo. Sua observação também veio de encontro a uma característica do casal em cena: a incapacidade de dividir projetos. “A falta de sonhos coletivos está nos tornando cada vez mais individualizados”, analisa Gervitz. O diretor também admite que, ao contrário do livro, que enfatiza o segmento adolescente da narrativa, o filme focou na fase adulta e no amadurecimento. "Já havia trabalhado muito sobre adolescência no filme anterior, "Feliz Ano Velho". Então neste novo filme quis outro enfoque", explicou.

Rodado em Porto Alegre, este filme infelizmente também passa à história do cinema  como o último trabalho da produtora gaúcha Monica Schmiedt, que morreu dia 28 de março passado, aos 54 anos, vítima de câncer. O montanhismo já havia sido tema de seu filme anterior “Extremo Sul” (2005).

Protagonista de “Prova de Coragem”, Babaioff conta que teve aulas de alpinismo para viver o personagem e que Monica lhe dava muitas orientações. “Ela era muito cuidadosa como produtora e me deu várias dicas, me alertando para que eu não me machucasse”, disse o ator. As cenas de escalada foram feitas em Salto Ventoso, em Farroupilha (RS). O ator aceitou um dublê em apenas uma cena, a de uma escalada mais arriscada em um teto de uma caverna. "Para fazer aquilo, eu teria de ter uns dez anos de experiência", comentou.

O longa-metragem propõe, portanto, um reflexão: onde está coragem? E conclui que a força da natureza, mesmo em um mundo repleto de tecnologias, ainda marca profundamente o ciclo de nossas vidas. "A natureza é um personagem no filme", avaliou Gervitz. E ela se impõe em muitas situações, o que nos faz repensar em as próprias escolhas.