Perseguição e lágrimas
publicidade
Para produzir o longa sobre Bin Laden, a diretora teve acesso a documentos secretos. E o filme já começa explicando que é "baseado em informações colhidas com os envolvidos". A analista da CIA, vivida por Jessica Chastain, foi considerada chave para a busca de Bin Laden, assassinado pelas forças de elite americanas em uma operação audaciosa em seu esconderijo no Paquistão. O longa, de duas horas e meia de duração, acompanha a agente da CIA durante a década em que trabalhou para localizar o cérebro dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra Nova Iorque, Washington e Pensilvânia. A trama inclui cenas impactantes dos métodos de tortura, entre elas o afogamento e a humilhação, usados para obter dos presos informações que acabaram levando-os a descobrir o esconderijo de Bin Laden en Abbottabad, no Paquistão. Com a sensibilidade de Katheryn Bigelow, “A Hora Mais Escura” é um suspense de ação que começa com diálogos sem imagens. Vai avançando ao mostrar cenas de tortura, física e psicológica, e o envolvimento e a dedicação da analista da CIA. As filmagens começaram antes da morte do líder máximo da rede Al-Qaeda, e a produção está na disputa pela estatueta do Oscar deste ano. Concorre em cinco categorias. Melhor Filme, Melhor Atriz (Jessica Chastain), Melhor Roteiro Original (Mark Boal), Melhor Edição e Edição de Som. E o filme já chega premiado. No final do ano passado, pelo Círculo de Críticos de Cinema de Nova Iorque, escolhido como Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Fotografia.
"A Hora Mais Escura" poderia ter resultado em um documentário pesado, violento e denso. Não é o que ocorre. Talvez a veracidade conferida, muitas vezes, ao universo do on line, seja fator relevante para, em alguns momentos, entrar na trama proposta no filme, com sensação de ficção. Mas o que fica mais claro é a competência da direção de Kathryn e a atuação convincente de Jéssica. Dão o tom do realismo possível. O feminino, no meio de um contexto e de uma briga, eminentementes, masculinos, contemporâneos e globais. No final não há buraco, o perseguido morre e lágrimas dão o tom do humano, vivo e interrogante.
Por Marcos Santuario