Presente e passados

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Quando um filme começa intenso e misterioso, evolui para uma multiplicidade de histórias e traz um tempero de cenas violentas, pode-se imaginar, a priori, que a digestão cinematográfica não será fácil. Intenso e envolvente, o  suspense “Animais Noturnos’’, com as ótimas atuações de Amy Adams e Jake Gyllenhaal, flerta com esta possibilidade. Construindo a narrativa que transita pelo mundo das aparências e vai até as profundidades mais violentas do ser humano, Tom Ford criou e dirigiu a trama. Premiada, com o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, aplaudido no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF),  e indicada ao Globo de Ouro, a produção é baseada no livro “Tony & Susan”, de Austin Wright. Indicação ao Oscar é caminho lógico para  a produção. Pelo menos. Tom Ford é o mesmo estilista famoso que,  em 2009 , dirigiu "A Single Man" - um longa metragem premiado e aclamado pela crítica e pelo público, baseado no livro homônimo de Christopher Isherwood, com Collin Firth no papel principal.

Agora, em "Animais Noturnos", a intensidade da trama fica explícita ao provocar uma reflexão sobre escolhas e renúncias. Sobre atitudes levadas a cabo e omissões paralisantes. Com uma câmera segura, enquadramentos precisos e imagens certeiras, Tom Ford mostra seu talento ao construir uma dramaticidade que desafia a temporalidade e faz o espectador viajar na trama. Aproxima e afasta. Revela e oculta.  Muda de clima, e de intensidade. Tudo contribuindo para que, frente à tela, não se desvie olhar ou atenção emocional.

O longa mostra um casal separado há 20 anos. Susan (Amy Adams) é uma negociante de arte que se sente cada vez mais isolada do parceiro (o rico mas decadente Armie Hammer). Um dia, ela recebe um manuscrito de autoria do seu primeiro marido, interpretado por Gylenhaal. Com tom de revelação e tragédia, o livro acompanha o personagem Tony Hastings, um homem que leva sua esposa (Isla Fisher) e filha (Ellie Bamber) para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento. Tensões construídas e profundidades discutidas, o filme inclui o clima de thriller, com bons momentos de mistério. As tramas que se cruzam convergem para um final que só valoriza, ainda mais, o desenrolar do filme. Vale os aplausos e a digestão cinematográfica.

 

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