Rei do showbusiness abre as portas aos ‘freaks’

Rei do showbusiness abre as portas aos ‘freaks’

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O filme "O Rei do Show", dirigido por Michael Gracey, é um musical que celebra o nascimento do showbiz, enquanto uma indústria criativa que emprega artistas de diferentes talentos. O protagonista é P.T. Barnum, interpretado por Hugh Jackman, que, sendo um ator completo (no sentido de que também canta e dança), exibe uma bela atuação. De origem pobre, desde a infância P. T. Barnum se mostra imaginativo. Decide desafiar barreiras sociais se casando com uma moça mais rica (Michelle Williams) e promete a si mesmo proporcionar a ela uma vida com boa situação social. Por isso, quando ele perde um emprego burocrático, precisa encontrar uma alternativa para sustentar a família. Sua ideia inicial é abrir uma espécie de museu de curiosidades. A partir daí, fatos inesperados vão acontecendo, até que ele resolve produzir um grande show estrelado por pessoas consideradas estranhas ou bizarras, muitas vezes rejeitadas em outros segmentos profissionais e sem espaço em outras manifestações artísticas “clássicas”. Entre eles, entram o que hoje conhecemos como os típicos personagens de circo, como anões, gigantes, malabaristas e mulheres de barba.


Ambicioso, P. T. Barnum obteve sucesso com seu espetáculo. Mas ele queria não apenas sucesso financeiro. Desejava que ele e sua família fossem aceitos pela sociedade aristocrática do período. Por isso, em certos momentos ele magoa aqueles que, inicialmente, valorizou, tentando se aproximar da classe mais abastada nova-iorquina. Apesar de no filme o protagonista ser apresentado em uma versão romanceada, a biografia do “príncipe do embuste” carrega algumas controvérsias, como ser chamado de egocentrista. De qualquer maneira, o diretor Michael Gracey aproveitou para fazer do longa-metragem um belo espetáculo, que conta com músicas de Benj Pasek e Justin Paul (vencedores do Oscar por “La La Land”). O roteiro é assinado por Jenny Bicks (de “Sex and the City”) e Bill Condon (de “A Bela e a Fera”, versão de 2017), o que concedeu ao filme uma mistura de humor com o musical clássico. O elenco conta também com Zac Efron, ator com jeito de galã que costumava fazer comédias para adolescentes e aqui ganhou a chance de mostrar um pouco mais seu talento fora dos filmes bobos que geralmente faz. Ele provou que se sai muito bem em musicais.
Apesar do personagem central ter seus defeitos e delírios, a conclusão a que se chega pode ser observada na boca de um jornalista que aparece na trama. Inicialmente o crítico torce o nariz para o show do Barnum, mas por fim admite que reunir no palco pessoas tão diferentes foi uma espécie de circo de humanidades, abrindo espaço para pessoas que nunca tinham tido a chance de mostrar suas capacidades. Por isso, já vale assistir ao longa-metragem, que também enfatiza a necessidade de momentos lúdicos na vida para se escapar um pouco de uma realidade tantas vezes tediosa e repetitiva. Citando o poeta e pensador Ferreira Gullar, o filme vai na linha da frase dita pelo brasileiro: “A arte existe porque a vida não basta”. Como se vê no filme, Barnum tinha descoberto isso há bastante tempo.


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