Saudades de Franka Potente

Saudades de Franka Potente

publicidade


jason vbou“Jason Bourne” é o quarto filme sobre o agente secreto protagonizado por Matt Damon.  Baseado nos personagens de Robert Ludlum, o primeiro filme da saga foi “Identidade Bourne” (2002), dirigido por Doug Liman. Paul Greengras dirigiu os dois seguintes: “A Supremacia Bourne” (2004) e “O Ultimato Bourne” (2007).

Depois veio ainda “O Legado Bourne” (2012), que, apesar de girar em torno de programas secretos da CIA, tinha outro protagonista, um “colega” vivido por Jeremy Renner. Ele não fez feio, mas também não substituiu à altura o original e desagradou os fãs da trilogia.

Agora Matt Damon retorna em grande estilo, em cenas de luta que mostram sua boa forma, apesar de mais de 14 anos do primeiro filme. Ao longo de todos os anos da franquia, é perceptível uma atualização da trama. Uma sequência de ação é orquestrada em meio a protestos populares na Grécia devido às recentes crises econômicas. O arco da narrativa começa em Atenas e termina em Los Angeles.

Bourne ainda é perigoso para a CIA porque pode revelar ações consideradas ilegais por parte das agências de inteligência. Especialmente após os escândalos trazidos à tona por pessoas como Edward Snowden e organizações como Wikileaks, o que demonstra que o ponto nevrálgico do conflito entre privacidade e quebra de sigilo em nome da segurança nacional estão sendo mais cobradas pela opinião pública. Bourne continua lutando para sobreviver, mas agora faz uma descoberta sobre o passado de seu pai que o fará levar literalmente para o lado pessoal a briga com seus antigos empregadores.

O elenco internacional traz Alicia Vikander, atriz sueca oscarizada por “A Garota Dinamarquesa”, e o francês Vincent Cassel, que enfatiza sua cara de mau para liquidar todos que passam pela sua frente. Nas sequências finais, ele poderia até concorrer a algum troféu anual de personagem que mais destrói carros em uma perseguição por Los Angeles, porque há muito não se via tamanha destruição por onde passa um vilão.

O longa-metragem é eficiente. A trilha sonora continua a enervar o espectador, que invariavelmente torce por Bourne. Mas o agente continua só, ainda que alguns personagens acenem com alguma ajuda temporária. Não que Bourne precise de auxílio para sobreviver. Ele se vire muito bem sozinho, nós sabemos. Mas o filme acaba se tornando um tanto frio como um processo industrial.

Isso nos faz sentir falta de Franka Potente, a namorada do agente nos dois primeiros filmes da franquia. O jeito um tanto atrapalhado da moça contrabalançava com a disciplina e a eficácia quase robótica de Bourne. O contraste de ambos gerava uma certa leveza e até um pouco de humor na narrativa. Por alguns instantes, se pode pensar que Alicia Vikander pode chegar perto disso, mas o roteiro optou por uma relação estritamente profissional. Apesar de ser praticamente indestrutível, a verdade é que Bourne nunca esteve tão só.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895