"Till - A Busca Por Justiça"

"Till - A Busca Por Justiça"

Drama mostra cruel assassinato de jovem negro na racista Mississippi em meados dos anos 1950

Chico Izidro

A atuação de Danielle Deadwyler é esplendorosa - se houvesse justiça mesmo no mundo do cinema, ela deveria ganhar o Oscar

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Recentemente a minisérie "Women in Movement" contou o cruel assassinato de Emmett "Bobo" Till por racistas americanos no Mississippi em 1954. Agora, a mesma história vai para as telas de cinema com o longa-metragem "Till - A Busca Por Justiça", dirigido por Chinonye Chukwu, que também assina o roteiro junto com Michael Reilly e Keith Beauchampé. E é uma punhalada.
Emmett "Bobo" Till ( (Jalyn Hall) vivia em Chicago, ao lado da mãe Mamie (Danielle Deadwyler), mas queria passar as férias no segregacionista estado do Mississippi com os primos. O garoto tem 14 anos e não entende muito bem os pedidos para que se mantenha longe dos brancos, ou ao menos, abaixe a cabeça e desvie o olhar quando cruza com algum. 

E no pequeno Distrito de Money, com pouco mais de 300 habitantes, nos confins da América sulista e racista, ele acaba sendo linchado, após cometer o “crime” de dirigir a palavra para uma mulher branca. Ele apanhou tanto, levou tiro no rosto, que seu corpo ficou completamente deformado, só sendo reconhecido pelo anel que levava no dedo, herdado de seu pai, morto na II Guerra Mundial.

Matar um negro naquela época era considerado normal, e impunidade certa para os assassinos, muitos pertencendo a organização racista e terrorista Ku Klux Klan. Mamie decide, porém, ir à luta, e expor o violento crime que seu filho foi acometido. Ela providenciou um funeral de caixão aberto em Chicago, apesar do estado do corpo de seu filho. Este gesto começou a mudar a opinião pública americana, que passou a enxergar com outros olhos a segregação sulista. É considerado, ao lado da briga de Rosie Parks, o começo da luta pelos Direitos Civis nos EUA.

Os dois assassinos foram inocentados por um júri formado totalmente por homens brancos, que ainda zombaram da morte de Bobo. Tempo depois, eles confessaram o crime em entrevista para a hoje extinta revista Life, recebendo 4 mil dólares. Mas como já haviam sido julgados, ficaram livres.

O filme é doloroso, mas assim como outros filmes sobre racismo ou Holocausto, são necessários. As pessoas têm de assistir, para entender que o mundo não é cor-de-rosa, pelo contrário, é cruel. "Ah, me incomoda cena com sangue, cena com assassinato...". Deveria incomodar o fato de crimes serem praticados. Aliás, a atuação de Danielle Deadwyler é esplendorosa - se houvesse justiça mesmo no mundo do cinema, ela deveria ganhar o Oscar...mas....
Trailer: https://youtu.be/Exg124ALqhs

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