Um belo resgate de "Elis"

O filme “Elis” é uma cinebiografia da cantora Elis Regina (1945 - 1982), considerada a maior que o Brasil já teve. Este é o primeiro longa-metragem de Hugo Prata, que saiu elogiado do Festival de Cinema de Gramado deste ano. A narrativa cumpre com louvor a difícil tarefa de fazer um síntese da vida complexa da artista. Isso também se deve à atuação da mineira Andréia Horta, que interpreta a protagonista. Por este papel, ela ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Gramado 2016. Não se trata tanto da semelhança física, apesar de ambas terem baixa estatura e Andréia ficar parecida com a cantora especialmente quando aparece com o cabelo bem curto. Mas Andréia conseguiu captar a intensidade da “pimentinha” e expressá-la em cena.

Andréia trabalhou para traduzir as expressões corporais e emotivas da cantora e apresenta uma performance marcante. A narrativa começa quando Elis chega ao Rio de Janeiro, aos 18 anos, ao lado do pai. E acompanha períodos de sua vida profissional e pessoal, com seus altos e baixos, até a sua morte.

Conforme o diretor Hugo Prata, a família de Elis deu carta branca à produção do filme. Eles não quiseram censurar nada, visto que isso seria contra o próprio jeito de ser da mãe, disseram. Na trilha musical, a voz de Elis foi mantida nas canções, visto que a produção admitiu que ninguém cantaria como ela: uma decisão acertada. Unindo um roteiro coeso, uma bela direção de arte com atuações contundentes (incluindo o sempre surpreendente ator gaúcho Julio Andrade), o filme faz um lindo retrato da estrela.