Uma abordagem sensível e antropológica
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Os moradores de Walachai e arredores (incluindo os povoados de nomes singulares como Jamerthal, Batatenthal, Padre Eterno e Frankenthal) ficaram cerca de 100 anos falando só alemão, mesmo nas escolas. Na verdade, falam um dialeto da região do Hunsrück, hoje, raro até na Alemanha. Nesse sentido, o filme mostra como foi prejudicial a ação de Getúlio Vargas nos anos 40, quando proibiu as colônias alemãs do país a falar outro idioma que não fosse o português. O resultado foi que, de um dia para o outro, as crianças que estavam sendo alfabetizadas em alemão passaram a ter aulas em uma língua que não entendiam. Não houve um período de transição. E hoje toda uma geração se ressente disso. "Não se aprende uma língua por decreto", diz um professor em entrevista no filme. Essa atitude fez com que a comunidade se fechasse ainda mais naquela época, porque tinham medo de serem presos se falassem em sua língua materna. Muitos tampouco aprenderam a ler.
A diretora abordou a comunidade, portanto, através de quatro eixos: o isolamento, a língua, o cotidiano e a relação com a Alemanha, da qual mostram saber pouco.
A rotina dos moradores é inteiramente dedicada ao trabalho. Muitos são pequenos agricultores e outros oferecem serviços, como ferreiros. O senso de coletividade é um dos aspectos mais emocionantes do filme.
A escolha da trilha sonora foi bastante feliz para apresentar uma comunidade rural. Com arranjos para obras de Bach e Vivaldi, além de composições próprias, a trilha é assinada por Felipe Radicetti.