A revolução de Frida Kahlo por Juçara Gaspar

A revolução de Frida Kahlo por Juçara Gaspar

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Juçara Gaspar interpreta Frida Kahlo em peça. Foto: Lucca Curtolo / Divulgação / CP


Por Lou Cardoso

A imagem de Frida Kahlo representa muito mais do que o retrato de uma mulher mexicana. A pintora se tornou um dos maiores símbolos do feminismo para as ativistas do movimento. A história, a arte e principalmente, a luta pessoal e profissional da artista inspiram diariamente uma pessoa diferente. Há pelo menos 8 anos, a atriz Juçara Gaspar, tem emprestado seu corpo e alma para contar um pouco sobre a vida de Frida nos palcos com a peça Frida Kahlo, à Revolução!, que celebra seu aniversário com uma temporada especial no Teatro Renascença (avenida Erico Verissimo, 307) até o próximo domingo, com sessões diárias a partir desta quinta-feira, sempre às 20h.

Segundo Juçara, a discussão do feminismo é um dos temas mais necessários para a sociedade e o espetáculo contribui para isso. "As mulheres não estão mais aceitando estarem sobre o jugo de outra pessoa, do marido ou do pai. É muito importante para mim, como mulher, falar sobre Frida, porque também me ajuda a resolver estas mesmas questões como cidadã e como mulher. E assim como ela me ajuda, deve empoderar outras pessoas. Desde produtoras que trabalham conosco até as pessoas que vão assistir. Ela é uma mulher muito poderosa", refletiu.

De acordo com a atriz, a imagem da mexicana inspira as mulheres a reescreverem a sua própria história na humanidade. "A mitologia de Frida é muito poderosa por conta disso, ela nos inspira a viver como a gente quer, sobre as nossas diretrizes, pegar as rédeas da nossa vida e escrever nós mesmas as nossas histórias. Porque, afinal de contas, a única coisa que a gente tem de verdadeiro em nós, é a nossa vida", reforçou. "Quero viver como mulher, quero trabalhar, escrever e quero lutar como uma mulher. Isso Frida nos inspira a fazer", complementou.

Nestes 8 anos se apresentando como Frida Kahlo, Juçara comentou que o retorno da público tem sido incrível. "Querem foto e querem me levar junto. Porque teatro tem esta mágica, todo mundo sabe que eu não sou ela, mas eu estou lá fazendo de conta que sou, e fazemos de conta juntos. É uma brincadeira coletiva e as pessoas ficam alucinadas", relembrou. Conforme Juçara, poder encenar esta artista também tem mexido com o público que não concorda com os ideais políticos de Frida. "Mesmo que você seja de direita ou de esquerda, a arte dela é universal, ela vai atingir todas as mulheres", disse.

A presença de Frida em reproduções artísticas na moda, almofadas, quadros e tatuagens se torna cada vez mais presente na sociedade. O que poderia influenciar apenas para o lado comercial, para Juçara se torna uma fonte para acabar conhecendo quem foi esta mulher e suas tão enigmáticas sobrancelhas. "Mesmo que eles conheçam a Frida do filme, da bolsa, e não tenham conhecido outras coisas dela, já é um grande caminho pois a nossa mitologia feminina, ela é muito escassa ainda", opinou. "Conhecendo um pouco, as pessoas vão querer conhecer mais e vão descobrir que a Frida é um poço sem fundo de inspiração. Na sua arte ela vai e põe o sangue da mulher lá, põe o aborto, põe um universo que não era retratado na época. As mulheres eram retratadas nuas em quadros lindos, e a Frida quebra isso lá no século passado. Ela é muito precursora e não me chateia vê-la nas ruas", disse.

Quem for conferir o espetáculo, Juçara garantiu que vai sentir toda paixão que Frida viveu. "Eu fiz toda esta dramaturgia focando a história de Frida por ela mesmo. A Frida irmã, a Frida filha, da Frida amante. Ela era uma pessoa muito apaixonada pela vida. O público vai poder ver muita força desta mulher. Vai ter dor, mas vai ter amor e uma vontade de viver. Ela fez muito pelas mulheres e nós vamos continuar fazendo", concluiu.

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