Cirurgiã plástica alerta sobre riscos envolvendo procedimentos estéticos

Cirurgiã plástica alerta sobre riscos envolvendo procedimentos estéticos

Especialista cita a alectomia, que pode causar sequelas e deve ser realizada estritamente por cirurgião plástico ou otorrinolaringologista

Camila Souza

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Não são raros os casos de pacientes que recorrem a tratamentos e intervenções estéticas na busca por mais autoestima. Nesse processo, preços atrativos podem ser determinantes na escolha de quem vai realizar o procedimento. Mas o primeiro fator que deveria ser levado em conta nessa decisão é a capacitação do profissional.

No início de julho, uma mulher de 37 anos denunciou que teve parte do nariz necrosada e ficou com sequelas após um procedimento estético feito em junho de 2020. Elielma Carvalho fez uma alectomia, procedimento para afinar o nariz, reduzindo as asas nasais, com um dentista.

De acordo com o Conselho Regional de Odontologia, “os cirurgiões-dentistas têm autorização para a realização de procedimentos estético-faciais, desde que não sejam cirúrgicos, puramente estéticos” e que a alectomia nunca esteve entre os procedimentos listados como permitidos para cirurgiões-dentistas. Uma resolução de agosto de 2020 proibiu expressamente a realização de alectomia por estes profissionais.

De acordo com a cirurgiã plástica Valéria Destéfani, esse procedimento deve ser realizado estritamente por cirurgião plástico ou por um otorrinolaringologista. “Os nervos e vasos do nariz são muito delicados. Qualquer problema que aconteça, é muito difícil de resolver. Imagino que o profissional tentou solucionar o problema, não soube como, assim como não sabia fazer o procedimento, e acabou causando todo esse transtorno a paciente.”

Sem plano de saúde, Elielma tentou diversos atendimentos na rede pública até achar um cirurgião plástico que conseguisse fazer o tratamento necessário e de maneira voluntária. Desde então, foram 14 cirurgias de reparação, incluindo enxerto de pele e gordura, além de reconstrução de uma das narinas. Agora, ela precisa usar um alargador para conseguir respirar. Sem eles, uma das narinas se fecha. Ainda serão necessárias mais cirurgias para melhorar as lesões existentes.

Valéria lembra que esses casos são frequentes, o que demonstra a existência de um grande número de profissionais não capacitados realizando procedimentos cirúrgicos. “É muito importante que o paciente entenda que nem todo profissional que se diz capacitado tem, de fato, a capacitação a que se propõe”, alerta. 

De acordo com ela, a chance de sequelas em procedimentos feitos pelos profissionais certos é bem menor e, quando acontece, o cirurgião sabe como proceder. 
“Procure profissionais capacitados, que tenham expertise e experiência para realizar qualquer tratamento, para evitar problemas e sequelas como essa, irreversível, que fica para sempre no rosto”, orienta.


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