Moda e beleza afro representada em Porto Alegre

Moda e beleza afro representada em Porto Alegre

Lou Cardoso

Kadi e Elisa uniram as suas marcas

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Porto Alegre tem registrado o surgimento de marcas que buscam suprir carências no mercado fashion ao mesmo tempo em que mostram preocupação com representatividade. Como é o caso da Consone, criada pelo africano Agossou Djosse Ignace Kokoye, mais conhecido como Kadi. Ele teve a ideia da produção da marca após voltar de uma viagem de seu país natal, Benin, na África Ocidental. Residente na Capital desde 2010, o engenheiro agrônomo, bancário e também mestrando em Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) trouxe roupas típicas africanas de presente para amigos.

“Eles começaram a postar nas redes sociais e o pessoal me perguntava onde conseguia as minhas camisas. Então começaram a me contatar e eu mandei mensagem para minha mãe – porque ela trabalha com roupas e tecidos há 30 anos – e ela começou a mandar as camisas para mim”, recordou Kadi.

“Povo sem representatividade é um povo sem futuro”

Segundo Kadi, a aposta na moda africana foi uma forma de valorizar a cultura afro em Porto Alegre. “Agora começou o movimento afro e o empoderamento, e as pessoas começaram a se identificar, a procurar pelas roupas e cabelo crespo. Tudo afro! As pessoas começaram a consertar, não um erro, mas algo que não faziam antes. Elas estão aceitando a sua realidade”, disse.

A Consone quer dizer harmonizar, consertar e aceitar, e isto simboliza as raízes da cultura africana. “A Consone leva em consideração estas três palavras: Harmonizar em relação a moda, Consertar a sua origem, e Aceitar a sua verdade e realidade”, afirmou.

Os tecidos das roupas da Consone são produzidas em países africanos como Nigéria, Togo, Gana e Costa do Marfim. Para Kadi, isto é uma forma de reaproximar a população negra com as origens. “É importante valorizar a cultura afro para o pessoal daqui ter o primeiro contato. É importante esta aproximação, pois podemos trazer a África para eles, para o povo negro daqui se identificar. O povo sem representatividade é um povo sem futuro.”

Empoderamento afro 

Nessa última semana, uniu-se a outro empreendimento africano, o salão Tranças África, que abriu uma filial no Centro de Porto Alegre. A união dos dois espaços foi oportuna para celebrar as conquistas das duas marcas. “Nós somos da Angola e hoje abrimos as portas para Consone. A gente casou com a marca que tem tudo a ver conosco. Então é levar o empoderamento afro o mais longe que a gente puder”, declarou Elisa Ricardo Mateus, diretora do salão.

O Tranças África funciona há 11 anos em Porto Alegre e começou discretamente dentro da casa de Elisa, que cuidava dos cabelos de meninas negras que sempre elogiavam as suas tranças. A partir daí, surgiu o estalo da mãe da jovem, que na época estudava administração na UFRGS, de abrir um salão voltado para o público negro. “Os clientes sempre foram aderindo aos nossos produtos e serviços. Sempre aprendendo que cabelo afro é bonito. De certa forma, isto te resgata e te leva para a tua cultura. E empreender com algo que é da nossa cultura, para gente é apaixonante”, relatou Elisa.


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